No relatório "Reshaping Schools for a T-World", apresentado hoje, recomenda-se que seja exigido mestrado a todos os professores como "ponto de partida" para durante a sua carreira tirarem um doutoramento, notando-se que em 2012, menos de um por cento era doutorado.
O relatório é da autoria do diretor da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, Rodrigo Queiroz e Melo, e da investigadora Maria João Manatos.
"Não há incentivos para os professores obterem um doutoramento", consideram os autores do relatório, defendendo que "todas as escolas deviam ter como objetivo que pelo menos 10% do seu pessoal docente" seja doutorado.
Destaca-se ainda a importância de os professores se adaptarem ao mundo tecnológico com formação contínua e especializações em assuntos ligados à educação para além da sua área de estudo principal.
"A subqualificação do pessoal docente das escolas ainda influencia a educação portuguesa", considera-se no relatório, em que se destaca que atualmente, "os professores são quase exclusivamente recrutados entre as pessoas que decidiram aos 18 anos ser professores, não têm outras experiências profissionais e com qualificações superiores que não são valorizadas no mercado laboral".
Portugal, defende-se "devia definir caminhos alternativos para a certificação de professores e apoiar mudanças de carreira de outros profissionais" para virem para o ensino e permitir às escolas enriquecerem o seu pessoal com "outros especialistas, mesmo havendo limites às contratações para a administração pública".
Do lado dos recursos tecnológicos, recomenda-se "repensar orçamentos" e nota-se que depois do impacto do plano tecnológico para a educação de 2007, "os computadores e outros equipamentos nas escolas ficaram obsoletos ou foram substituídos muito lentamente".
O ensino com uma componente tecnológica forte nunca deve deixar de se preocupar com a capacidade de os alunos usarem o conhecimento para resolverem problemas no mundo real.
Nas escolas, deve abrir-se a porta a outros profissionais para além de "enfermeiras, terapeutas, psicólogos", deixando entrar "artistas ou profissionais do setor tecnológico".
Para educar pessoas criativas deve "promover-se a inclusão das artes e outras expressões nos programas regulares", notando-se que a música e as artes plásticas estão "há décadas" no sistema de ensino, mas só "com pouco tempo e de forma muito ligeira".
O número atual de 22.000 alunos em educação artística - 1,6% do total dos alunos do básico e secundário - devia "triplicar, pelo menos" e deveria "duplicar o número de escolas que têm programas com ensino artístico integrado".
Portugal devia mesmo "permitir a criação de escolas temáticas, onde os alunos tenham um foco especial nos seus interesses pessoais", saindo do modelo atual, em que "escolas básicas e secundárias parecem todas iguais", sem diferenças nos projetos pedagógicos" e programas.
Escolas secundárias especializadas em ciências, tecnologia, engenharia e matemáticas (STEM, na sigla em inglês), escolas para as artes ou para as humanidades contribuiriam para "um sistema de ensino mais diferenciado".
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