“Os paraquedistas da 4.ª Força Nacional Destacada (4FND) na República Centro Africana (RCA), composta maioritariamente pelo 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista, estiveram pelo segundo dia consecutivo em combate, durante o dia 02 de novembro de 2018, na cidade de Bambari. Não há feridos a registar do lado das forças de combate portuguesas”, informou o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), em comunicado.

O incidente ocorreu quando os militares “estavam a patrulhar o centro de Bambari”, momento em que foram alvejados.

“Dada a dimensão da ameaça, com a existência de barricadas e o efetivo do grupo opositor em grande número”, que disparava “armas pesadas e lança-rockets (RPG), a partir de posições fortificadas”, os militares portugueses “reagiram”, ainda segundo o texto do EMGFA.

Especificando que “os disparos foram provenientes de locais habitados por civis que não são afetos aos grupos armados”, o EMGFA salientou que os militares portugueses reagiram em defesa da população.

“A população da cidade de Bambari em particular, tem sido alvo nas últimas semanas de constantes ameaças e extorsões por parte de elementos afetos aos grupos armados”, lê-se ainda no comunicado.

Na nota, o Estado-Maior General destacou igualmente que “este combate em ambiente urbano, de elevada intensidade, foi particularmente exigente por parte dos militares portugueses a fim de minimizar o risco de danos colaterais face à presença de população civil nas imediações”.

Ainda segundo o EMGFA, de acordo com as resoluções em vigor do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a missão da ONU no país tem como tarefas prioritárias, “a proteção dos civis, o apoio ao processo de paz, facilitar a assistência humanitária e a proteção do pessoal, instalações, equipamentos e bens das Nações Unidas”.

O seu mandato prevê, entre outras, a tomada de “ações que antecipem, dissuadam e respondam, de forma efetiva, a ameaças sérias e credíveis à população civil”.

Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), desde 2017, com uma companhia de infantaria a operar a partir de Bangui, que tem a missão de Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force – QRF).

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA.

Aquela que já é a 4.ª Força Nacional Destacada Conjunta no país é composta por cerca de 160 militares e iniciou a missão em 05 de setembro.

Portugal também integra a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

A EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, tem 45 militares portugueses, entre os 170 de 11 nacionalidades que a compõem.