"O que podemos pedir, apesar de toda a turbulência a que o momento político nos conduziu, é pedir aos jovens, aos filhos, que se contenham e respeitem a memória, a honra do seu pai, edificando agora a sua própria estratégia de luta para que Angola possa agora homenagear esta figura incontornável de dimensão histórica, com a grandeza que 38 anos de governação merecem", disse Isaac Francisco Maria dos Anjos.

O conselheiro de João Lourenço falava à Lusa no dia em que foi anunciada a morte do antigo Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, que convidou Isaac dos Anjos para o Ministério da Cultura com apenas 27 anos.

"Fui praticamente adotado pelo antigo Presidente da República, ao aceitar a minha nomeação para o Ministério da Cultura com pouco mais de 27 anos, a partir de Benguela, e desde então tive o privilégio de partilhar vários cargos e funções [nos governos angolanos]", acrescentou o governante.

Destacando os "30 anos de convivência" com José Eduardo dos Santos, Isaac dos Anjos vincou que "não é fácil aceitar a partida de um ente querido e nessa hora difícil o que podemos assegurar à família é que nos juntamos em solidariedade na dor e no luto que trespassa a nossa alma" e acrescentou: "José Eduardo dos Santos não é mais só o membro de uma pequena família, é membro de toda uma nação, uma família que é a pátria e a nação, a quem dedicou vários anos de luta incessante".

O político angolano considera que a sua geração "fica a dever muito" a José Eduardo dos Santos, mas está certo que "havemos de continuar a levar o facho de Angola, e com ele aprendemos a ser equilibrados no interesse mais alto que é o da paz, do humanismo, da solidariedade e mesmo que parecesse uma pessoa frágil, era uma pessoa com muita autoridade e mesmo de longe, com um simples olhar, impunha-nos autoridade", concluiu.

O antigo chefe de Estado morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou a presidência angolana, que decretou cindo dias de luto nacional.

José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, marcada por acusações de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.