A décima terceira sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial prolonga-se até sábado, dia 1 de dezembro, na capital da Maurícia, para analisar as 40 candidaturas à lista de Património da Humanidade e os sete pedidos de inscrição na Lista do Património Cultural que Requer Medidas Urgentes de Salvaguarda, assim como para acompanhar os elementos já inscritos nas listas e o uso do Fundo do Património Cultural Imaterial.

A reunião do Comité, composto por representantes de 24 países, permitirá ainda avaliar os dois projetos propostos para inclusão no Registo de Boas Práticas de Salvaguarda – o festival Al-Janadria, na Arábia Saudita, e o programa Land-of-Legends, na Suécia -, e o pedido de assistência internacional da Albânia para financiar um inventário do seu património cultural imaterial, com a participação de comunidades locais.

A luta tradicional coreana "ssirum/ssireum", uma inédita proposta conjunta das duas Coreias, que pretende contribuir para a reconciliação dos dois Estados, foi hoje classificada como Património Mundial.

“Esta inscrição conjunta constitui um passo altamente simbólico no caminho em direção à reconciliação intercoreana e recorda-nos o poder extraordinário do património cultural como vetor de paz e ponte de união entre povos”, sublinhou em comunicado a diretora-geral da organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay.

O processo de mediação da organização permitiu que as iniciativas dos dois países, inicialmente separadas, se convertessem numa só.

No passado, um mesmo elemento já havia sido inscrito pela UNESCO duas vezes na Lista de Património Mundial: uma pela Coreia do Norte, outra pela Coreia do Sul, recordou uma porta-voz da agência das Nações Unidas à Agência EFE.

A luta tradicional coreana, que se chama “ssirum” na Coreia do Norte e “ssireum” na Coreia do Sul, é um desporto nacional e uma prática cultural popular, com competições em eventos e festivais agrícolas, que tem um significado profundo para os habitantes de ambos os países.

Azoulay visitou no passado mês de junho a Coreia do Sul e reuniu-se em outubro, em Paris, com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Nesse encontro, a diretora-geral da UNESCO propôs realizar uma série de projetos para facilitar a reconciliação entre as Coreias. Em paralelo, realizaram-se intercâmbios semelhantes com responsáveis da Coreia do Norte.

A UNESCO afirmou que “continuará a trabalhar em prol da reconciliação da península da Coreia, através de projetos realizados em colaboração com as autoridades de ambos os países”, que incidam na área da educação, cultura e ciência, “bases essenciais da paz duradoura”.

Entre as candidaturas a Património Mundial encontram-se o jogo nacional irlandês Hurling, a festa espanhola Tamborada, as técnicas do perfume de Grasse, em França, o género de drama de dança tailandês Khon, a arte poética e musical Dondang Sayang, na Malásia, e os rituais japoneses Raiho-shin.

A dança Mooba, na Zâmbia, a dança Mwinoghe, no Malawi, as técnicas de cerâmica das mulheres da cidade de Sejnane, na Tunísia, o estilo musical Chamamé, na Argentina, a festa cubana Las Parrandas e a música jamaicana reggae estão também entre as candidaturas a analisar.

Já a Lista do Património Cultural que Requer Medidas Urgentes de Salvaguarda é constituída pelas técnicas de medição de água da Argélia, pelos grupos de dança Yalli, no Azerbaijão, pelo Lkhon Khol Wat Svay Andet, no Camboja, pelos fantoches do Egito, pelos rituais Enkipaata, Eunoto e Olng’esherr, no Quénia, pela tradição de observação do sol, estrelas e lua, Suri Jagek, no Paquistão, e pelo teatro de sombras da Síria.

Em dezembro de 2017, a UNESCO classificou os bonecos de Estremoz como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Foram também classificados, nesta lista, o fado, em 2011, a dieta mediterrânica, em 2013, o cante alentajano, em 2014, o fabrico de chocalhos, em 2015, a falcoaria portuguesa e o barro preto de Bisalhães, em 2016. Este ano, Portugal não se encontra entre os nomeados.