Segundo os dados provisórios do território nacional (faltando apurar os quatro deputados da emigração), em 226 lugares no parlamento o PSD conseguiu 76, dos quais 71 sozinho e cinco em coligação com o CDS-PP na Madeira e nos Açores.

Em relação a 2019, quando o PSD conseguiu 79 deputados (incluindo dois pelos círculos da Europa e Fora da Europa), os sociais-democratas dificilmente igualarão o número de eleitos de há dois anos, que já era um dos piores de sempre.

A nível nacional, o PSD apenas venceu num círculo eleitoral, o da Madeira, conjuntamente com o CDS-PP, tendo perdido, em relação às anteriores legislativas, o primeiro lugar em votos em Bragança, Vila Real, Leiria e até no antigo ‘cavaquistão’, Viseu.

Os sociais-democratas conseguiram recuperar um deputado em Évora, um em Aveiro e outro em Lisboa, mas perderam quatro parlamentares, um em Bragança, outro no Porto, um em Vila Real e outro em Leiria.

No seu discurso no final da noite, Rui Rio atribuiu a derrota, fundamentalmente, à eficácia do PS no apelo ao voto útil, que classificou como “absolutamente esmagador à esquerda”, e realçou que o partido até teve mais votos na maior parte dos distritos.

Nas segundas legislativas a que se apresentou como líder do PSD, o partido conseguiu cerca de um milhão e meio de votos em território nacional, contra 1,42 milhões há dois anos, numa eleição em que a participação aumentou.

Sobre o voto útil, Rio admitiu que, à direita, “não aconteceu”: “Não houve a mesma união em torno do PSD para evitar que o dr. António Costa continuasse”, afirmou.

Apesar de defender que seguiu a estratégia correta de posicionar o PSD ao centro, Rio assumiu ser ele “o principal responsável” e, numa altura em que ainda não estava confirmada a maioria absoluta do PS, abriu a porta de saída da liderança do PSD, cargo que exerce desde janeiro de 2018.

"Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta – tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos –, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento", disse, depois de sempre ter afirmado a disponibilidade para viabilizar um Governo minoritário do PS “em nome do interesse nacional”.

Durante a campanha, o presidente do PSD foi repetindo que o cenário de uma maioria absoluta de qualquer partido era “quase impossível”, e afirmou, por várias vezes, a confiança na vitória dos sociais-democratas, chegando até a aconselhar o líder do PS, António Costa, a “perder com dignidade”.

Se em setembro, a noite eleitoral das autárquicas terminou com uma surpresa pela positiva - a vitória na Câmara Municipal de Lisboa - e Rio foi, dois meses depois, reeleito pelos militantes contra Paulo Rangel, no domingo reconheceu um resultado “substancialmente abaixo” do esperado.

Na noite eleitoral, num hotel em Lisboa, a figura de maior destaque do PSD, fora do seu núcleo duro, foi o autarca da capital, Carlos Moedas, que passou para lhe dar “um grande abraço” de solidariedade.

Sobre o futuro do PSD, o antigo comissário europeu apenas disse: “Eu sou o presidente da Câmara [Municipal de Lisboa] e vou ser o presidente da Câmara. Serei sempre o presidente da Câmara".

Sob a liderança de Rui Rio, o PSD obteve os piores resultados do partido em legislativas dos últimos vinte anos em percentagem - 27,7% em 2019 e agora, com dados ainda provisórios, 27,8% -, já que conseguiu, nas duas vezes, eleger mais deputados do que os 75 de Pedro Santana Lopes em 2005.

O PSD só por três vezes na sua história teve um resultado inferior em percentagem em eleições para o parlamento nacional: o pior aconteceu em 1976, nas primeiras eleições para a Assembleia da República, quando o partido então liderado pelo fundador Francisco Sá Carneiro alcançou 24,35% dos votos e elegeu 73 deputados (correspondentes a 1,3 milhões de votos), no único sufrágio em que o parlamento elegeu 263 parlamentares.

O segundo pior resultado dos sociais-democratas data de 1975, nas eleições para a Assembleia Constituinte, quando registam 26,39% dos votos. Segue-se a marca de 1983, quando o partido, presidido por Carlos Mota Pinto, se fica pelos 27,24% (75 deputados em 250, 1,5 milhões de votos).

A diferença para o PS é também uma das mais significativas de sempre, ficando os sociais-democratas quase 14 pontos percentuais atrás dos socialistas, de acordo com os dados já apurados, apenas abaixo do intervalo entre os dois partidos na maioria absoluta conquistada por José Sócrates em 2005.