“Uma situação destas não deve estar sujeita ao livre arbítrio da oferta e da procura e deve haver uma política pública para o efeito, com mais ou menos ajuda municipal, mas seguramente nacional”, defendeu Rui Rio, num colóquio organizado pelo Conselho Nacional de Juventude (CNJ) na sede do partido, em resposta a uma pergunta do presidente da Federação Académica do Porto, João Pedro Videira.
Para o presidente do PSD, as universidades, em conjunto com o Ministério da Educação, “têm de ter oferta de alojamento de molde a que não sejam as condições do mercado castradoras da liberdade do estudante poder estudar”, o que passaria pela construção de residências universitárias e uma menor concentração nas áreas de Lisboa e Porto.
Rio escusou-se a responder diretamente à pergunta de João Videira sobre a cidade do Porto, da qual foi autarca, até porque “seria polémica”: “Se fosse presidente da Câmara Municipal do Porto, dava a resposta direitinha”.
“Direitinho” foi também a forma como o líder do PSD classificou o seu percurso de vida, em resposta a uma pergunta sobre que conselho daria “ao Rui Rio com 25 anos”.
“Não faria nada de diferente, fiz direitinho: com 25 anos estava a trabalhar, com 26 saí para o serviço militar”, afirmou, aproveitando para fazer um ‘à parte’ que provocou risos entre os jovens na assistência.
“Não estive na guerra, só na guerra cá dentro - aliás continuo na guerra agora, só que na altura era graduado e agora sou general, há quem diga general sem tropas”, acrescentou, em tom bem-disposto.
O presidente do PSD assegurou que voltaria a entrar na política, apesar de admitir não ser “o melhor caminho para se encontrar a felicidade e ganhar dinheiro”, e deixou um conselho a um jovem que hoje tenha 25 anos.
“Façam como eu fiz”, aconselhou.
Durante cerca de uma hora, Rui Rio respondeu a perguntas de alguns dos jovens presentes na sede do PSD, onde abordou temas como o futuro da Europa e os principais desafios do país para a próxima legislatura.
“Qualquer governo, seja ele qual for, tem de colocar o patamar estrutural em primeiro lugar e o conjuntural em segundo. Normalmente fazem ao contrário: apagam o fogo imediato e o estrutural fica para trás”, apontou.
Para o líder do PSD, a atual solução política – assente em posições conjuntas entre PS, PCP, BE e Verdes -, se é “parlamentarmente e constitucionalmente defensável”, tem um resultado “dramático” para o desenvolvimento do país.
“Este Governo só pode estar ligado à conjuntura, porque quando toca à estrutura não há entendimento possível”, criticou, considerando que os últimos três anos foram “claramente perdidos”.
Em matéria europeia, Rio previu “dificuldades sérias nos próximos tempos” e aconselhou a que se olhe com particular atenção para os países do Leste europeu.
“É ali que entendo que pode estar o principal perigo europeu, se não conseguirmos a harmonização com esses países, pode estar ali a fragmentação da Europa”, alertou.
Numa outra resposta ao presidente do CNJ, Hugo Carvalho, o líder do PSD reiterou a sua visão crítica da atual forma de funcionamento dos partidos, considerando que estes terão de saber encontrar novas formas de atrair os jovens.
Como exemplo no PSD, apontou a criação do Conselho Estratégico Nacional pela sua direção, que disse pretende atrair militantes por interesses em áreas temáticas e não só de quem quer ser “presidente da junta”.
Rui Rio foi o primeiro convidado de uma série de colóquios organizados pelo Conselho Nacional de Juventude com as forças partidárias, como o tema "Escolher o Futuro".
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