“No quadro da União Económica e Monetária (UEM), sendo e devendo continuar a ser defensores da moeda única, temos de compreender o que é estar em moeda única e ter uma postura um pouco diferente”, disse Rui Rio, na abertura de uma conferência sobre Europa organizada pelo PSD e pelo Instituto Sá Carneiro, na Assembleia da República.
Para o líder do PSD, Portugal “teve uma oportunidade histórica” a partir de 1999, no período de transição do escudo para a moeda única, o euro.
“Não vou dizer que a desperdiçou, mas desperdiçou-a em larga medida”, lamentou, registando a descida acentuada das taxas de juro e um conjunto alargado de privatizações que deveriam ter dado “uma folga brutal” nas finanças públicas.
No entanto, Rio salientou que, nos primeiros 14 anos de adesão europeia, ainda sem moeda única, Portugal conseguiu um crescimento total do Produto Interno Bruto (PIB) de 70% e terminou esse período com uma dívida pública de 51% sobre o PIB.
“Nos 14 anos seguintes, terminámos com 130% da dívida pública sobre o PIB e um crescimento acumulado de zero”, apontou.
O presidente do PSD lamentou ainda o que chamou de “desprezo da poupança”, assinalando que em 2017 a taxa de poupança das famílias era menor do que em 1960, “quando havia gente descalça em Portugal”.
“O que é que Portugal deve fazer face a esta realidade e qual a reforma da União Económica e Monetária que interessa à Europa e a Portugal?”, questionou, numa conferência onde o tema das eleições europeias de maio do próximo ano nunca foi abordado.
O ciclo de conferências “Nós e a Europa: o que a União Europeia pode fazer pelos portugueses?” terá seis debates, em seis cidades diferentes, e arrancou com o tema da “União Económica e Monetária”, tendo como oradores o ex-ministro Mira Amaral, o antigo secretário de Estado Hélder Rosalino e Reinhard Felke, do gabinete do comissário europeu das Finanças Pierre Moscovici.
Antes, a vice-presidente do PSD Isabel Meirelles, responsável na direção do partido pela área da União Europeia e pela organização das conferências, saudou que em Portugal não existam populismos e nacionalismos, como noutros países europeus.
“Temos, talvez, o nosso populismo que se chama abstenção: é este o foco que temos de debelar”, elegeu.
Apontando o PSD como “um partido pró-europeu por convicção histórica”, Isabel Meirelles defendeu uma União Europeia que “não se limite a assinar tratados e produzir diretivas”.
Depois de Lisboa, as próximas conferências serão em Castelo Branco, Bragança, Évora, Coimbra e Porto.
Na abertura, falou ainda o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, que assinalou “a grande honra” para os deputados sociais-democratas da dupla presença do presidente do partido no parlamento.
“Para os deputados do PSD é uma honra, porque tivemos o dr. Rui Rio de manhã [na reunião da bancada], temos o dr. Rui Rio à tarde, é um privilégio muito grande. Tenho a certeza que se repetirá por muitas vezes esta presença física”, afirmou.
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