Num encontro em Monsanto, Lisboa, moderado pelo jornalista Luís Osório, António Costa discutiu com 15 personalidades independentes – que afirmaram todas que vão votar no secretário-geral do PS – temas como a cultura, o desporto, a investigação ou o ensino superior.
O escritor Valter Hugo Mãe afirmou que, quando Costa foi para o Governo em 2015, o “seu sorriso sereno, mas seguro, mudou radicalmente o clima em Portugal”.
“Há uma primavera que tinge o discurso de António Costa, uma positividade que vem dessa segurança de ser capaz de nos transmitir confiança que mudou completamente a atmosfera em que nós vivíamos. Tínhamos estado debaixo de um Governo que nos culpava a nós, cidadãos, (…) de tudo, de todas as desgraças e que, por isso, não tinha limites em nos punir”, disse.
Continuando com as críticas à direita, Valter Hugo Mãe, que vive atualmente no Porto, abordou o percurso do atual líder social-democrata, Rui Rio, enquanto presidente da câmara municipal da cidade invicta, entre 2002 e 2013.
Segundo o escritor, atravessou-se um “inverno cultural” na cidade durante o mandato de Rui Rio, “que trucidou, rasurou toda a cultura do Porto”, falando da saída da companhia de teatro Seiva Trupe do Porto para Vila Nova de Gaia para exemplificar que “praticamente tudo se suspendeu”.
“Eu não consigo imaginar como é que o país não viu isso, como é que continua não conseguir ver o que se passa no Porto, ainda que o Porto tenha uns belos quilómetros quadrados, porque se tivessem visto isso, não poderiam jamais propor que uma coisa dessas acontecesse ao nível do país inteiro”, salientou.
Intervindo logo a seguir a Valter Hugo Mãe, a maratonista e campeã olímpica em 1988, Rosa Mota, também ela portista, reiterou que não percebe “como é que as pessoas não conseguem ver o que se tentou destruir naquela cidade” quando Rui Rio a liderou.
“Aquela parte, ele é que manda, que é o ‘nazizinho’, e o resto põe de lado. (…) Todas as pessoas que fossem figuras públicas da cidade (…) – somos pessoas queridas, modéstia à parte – para ele, era um terror”, afirmou.
Abordando a área do desporto, Rosa Mota mostrou-se preocupada com o “desporto infantil, desporto para todos, universitário”, afirmando que Portugal está “um bocado atrasado” e se encontra na “cauda da Europa”, sem que haja “razões para isso”.
A maratonista considerou que “falta a juventude sentir, e os familiares também, que o desporto é essencial” no dia a dia, “quer na parte física, quer intelectual”.
“Eu não posso entender como é que (…) a educação física não é entendida como a disciplina de português, de matemática, que tem o seu valor. Infelizmente, em Portugal, não, até reduziram o horário da educação física”, sublinhou, apelando a que se desenvolva um programa de desporto que comece nas escolas.
Do seu lado, a atriz Maria do Céu Guerra frisou que, durante a resposta à pandemia, não queria pensar no “que seria a resposta de um Passos Coelho, de um PSD, o que seria o desconcerto e o desespero das pessoas ao sentirem-se não amadas, não respeitadas”.
A atriz sublinhou que, durante a pandemia, quando começou a contactar a ministra da Cultura, Graça Fonseca, percebeu que havia uma “vontade de perceber o que é que se passava no setor do teatro”, com a “intermitência, com a não qualificação profissional” ou com a “ligação da escola às artes”.
“Fico muito contente que isto tenha acontecido num Governo de António Costa”, afirmou, com o também primeiro-ministro a responder que, infelizmente, não pode dizer o mesmo, perante as gargalhadas do painel.
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