"As explicações estão dadas. O ministro aquilo que disse é que houve uma alteração da política e que vai atirar para uma comissão que, no dia de são nunca à tarde, na semana dos nove dias, é capaz de decidir que o Infarmed vem para o Porto. E, nesse dia, criam uma outra comissão para ver se alguma comissão diz que é mau o Infarmed vir para o Porto", afirmou Rui Moreira.
Em conferência de imprensa, o autarca defendeu que a questão não está na deslocalização daquele organismo, mas sim na manutenção do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde em Lisboa.
"Quero dizer, para que fique claro, que ninguém até hoje, seja o senhor primeiro-ministro, seja o ministro, falaram comigo ou tentaram falar comigo, que seja do meu conhecimento. E, portanto, aquilo que eu posso dizer é que considero que este, como aliás já parecia óbvio, é um processo em que o poder político sucumbiu àquilo que é a máquina do Estado e a máquina instalada", defendeu.
Para Rui Moreira, este era, aliás, um desfecho previsível face à evolução de todo o processo, que previa a transferência do Infarmed até janeiro de 2019.
"Em primeiro lugar, foi tomada uma decisão, depois foi criada uma comissão para dizer, se calhar, que a decisão estava mal tomada, a seguir apresentam um documento em que 27 peritos, especialistas na matéria, nomeados pelo Governo, sem nenhuma intervenção da câmara do Porto, dizem que vai para o Porto e depois nós não ouvimos mais nada. Compreenderam com certeza que eu, no princípio de setembro, começasse a achar que isto era uma situação anedótica", afirmou.
O independente escusou-se, contudo, a comentar se o ministro da Saúde tem ou não condições para se manter no cargo, sublinhando apenas que a deslocalização do Infarmed para o Porto foi uma resolução do Conselho de Ministros.
O presidente da câmara do Porto disse ainda que não vai pedir mais explicações ao Governo, até porque, neste caso, tem "a certeza que o Infarmed vai continuar ‘forever and ever’, como diz a música, em Lisboa".
"Como disse, eu não falei com o ministro, se ele me queria falar da situação política não sei, mas isso é um problema do Governo não da Câmara do Porto. Aqui no Porto está tudo na mesma. E, portanto, é mais um caso de promessa dada, promessa não honrada, mas como nós também não tínhamos pedimos nada fica como antes, quartel-general em Lisboa", referiu.
Rui Moreira, lembrou ainda que o governo é que pediu à Câmara do Porto para auxiliar a transferência do Infarmed, defendendo que esta não era uma decisão do Porto, era uma decisão nacional.
O ministro da Saúde disse na sexta-feira que a decisão de suspender para já a deslocalização do Infarmed para o Porto “é coerente” com o que Governo tem afirmado e foi tomada tendo em conta a vontade dos trabalhadores da instituição.
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