“Todos temos consciência que se for para mudar, para fazer uma política diferente, só há uma possibilidade, que é o PSD ganhar as eleições”, defendeu Rui Rio, no final das jornadas parlamentares do PSD, que hoje terminam no Porto.

Num aparente ‘recado’ ao anterior parceiro de coligação, o CDS-PP, o presidente do PSD reforçou que “é factual” que “para o próximo Governo não ser dirigido pelo PS só há um partido com possibilidade de o substituir, não há outro”.

“Poderão dizer lá fora que é preciso construir uma alternativa, mas a haver só connosco”, avisou.

Num discurso de 46 minutos, Rio traçou um retrato do Portugal atual e da visão que os sociais-democratas querem para o país.

“Aquilo que nós precisamos é de melhor gestão, mais rigor, menos compadrio, mais coragem, mais reformismo, mais crescimento económico e, para embrulhar, um discurso político de coragem e de verdade”, resumiu.

Perante uma sala cheia, e que o foi aplaudindo pontualmente e de pé no final, Rio avisou que “só com um discurso político de coragem e de verdade” será possível captar os portugueses para a estratégia do partido, até pelo contraponto do que disse ser o discurso de “meias verdades” do atual Governo.

O presidente do PSD identificou as três ‘bandeiras’ de que o Governo se tem orgulhado, mas sobre as quais, na sua opinião, não tem dito toda a verdade: criação de emprego, redução do défice público e redução da dívida pública.

“Eu diria que as meias-verdades são sempre piores que as mentiras e o Governo apresenta a metade que é verdade, mas esconde o resto”, acusou.

No caso do emprego, disse, o executivo criou emprego “de baixo valor acrescentado, de fracos salários” e com muita precariedade.

“Reduziram o défice público, é verdade, mas reduziram com cativações exageradas, cegas, e muito pouco prudentes em muitas circunstâncias”, criticou, acrescentando que o executivo não reduziu a dívida, mas apenas o seu rácio.

Rio reiterou o ataque à degradação dos serviços públicos e ao fraco investimento, área na qual acusou o Governo de fazer uma narrativa de “31 de boca”.

“Não fizeram nada e a dada altura começaram a apresentar projetos e mais projetos para parecer que afinal as coisas estão a andar e promover aquele que eles já sabiam que ia ser candidato ao Parlamento Europeu”, disse, numa referência ao ex-ministro socialista Pedro Marques,

Para “o Portugal de amanhã”, o líder do PSD traçou três grandes objetivos: melhores empregos, melhores salários e melhores serviços públicos para o país.

“O ponto de partida para se conseguir tudo isto é o crescimento económico”, disse.

A sete meses das legislativas, Rio deixou um aviso aos eleitores para que não se deixem seduzir pelas promessas dos socialistas.

“Aquilo que foi esta governação e continuará a ser, se amanhã fosse chamada a continuar, é uma governação de curto prazo”, alertou.

Rio reiterou as suas críticas à fixação de um salário mínimo diferente para público e privado, acusando o Governo de ter “acabado com uma conquista do 25 de Abril”, que era o Salário Mínimo Nacional.

O líder do PSD apontou como “um exemplo de degradação dos serviços públicos” atrasos de meses no processamento da situação dos reformados.

“Então atinjo a idade de reforma e depois fico até aos 67 ou 68 anos à espera por desregulação dos serviços de segurança social? É absolutamente impensável”, criticou.

Antes de Rio, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, aproveitou um tema que dominou o último painel das jornadas - as 'fake news' - para deixar uma crítica ao primeiro-ministro.

"As 'fake news' para António Costa já eram, já vai mais longe: António Costa já está nas 'fake good news'", afirmou, acusando o primeiro-ministro de apenas querer dar as boas notícias aos portugueses.


Notícia atualizada às 14:58