“Tivemos uma Comissão de Inquérito no Parlamento que o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda fecharam, acabaram com ela, para não poder prosseguir e se saber aquilo que, agora, lentamente, começamos a saber [que é] quem são os devedores”, afirmou.
O presidente social-democrata vincou que “há um ano e tal atrás” os três partidos “fecharam a comissão de inquérito” à Caixa Geral de Depósitos (CGD), notando que, agora, “limpam-se como podem” do assunto.
Rio falava aos jornalistas antes de uma reunião, à porta fechada, com militares do partido do distrito de Évora, numa unidade hoteleira da cidade alentejana.
Questionado sobre a auditoria à CGD, o líder “laranja” considerou que “o problema essencial não é exatamente saber quem são os devedores”, mas sim “em que condições foram dados os créditos que levaram a estas perdas brutais”.
Para o líder social-democrata, o sigilo bancário justifica-se “para aquilo que cada um tem no banco” e “quanto é que cada um deve ao banco e está a cumprir”.
“Quanto é que alguns deviam ao banco e, pura e simplesmente, não pagaram e foram os contribuintes portugueses chamados a pagar esse dinheiro aí não vejo que tenha de haver sigilo bancário”, defendeu.
Rui Rio considerou que “os contribuintes têm o direito de saber em que condições esses créditos foram prestados” pela CGD, alegando que “a primeira responsabilidade não é quem levou o crédito, é quem concedeu o crédito”.
“No negócio bancário, há coisas que correm mal e mal estávamos que sempre que corresse mal os decisores tivesse responsabilidade. Agora, para aqueles montantes que nos conhecemos, não é possível que tudo aquilo tenha sido concedido segundo todas as regras e sem qualquer espécie de compadrio”, acrescentou.
Hoje, a consultora EY afirmou-se apenas vinculada ao relatório final da auditoria à CGD que emitiu em junho de 2018, pelo que documentos como a versão preliminar divulgada esta semana “não devem ser considerados”.
“O relatório final da EY respeitante à auditoria independente aos atos de gestão da CGD no período de 2000 a 2015 foi emitido no dia 27 de junho de 2018. À exceção do relatório final, todos os demais documentos produzidos pela EY respeitantes à referida AIAG [auditoria] não devem ser considerados, por configurarem documentos de trabalho, terem áreas em aberto, estarem em atualização permanente, e por possuírem informação parcial, provisória, não verificada ou em validação”, sustenta a consultora num esclarecimento divulgado hoje.
Na versão preliminar da auditoria da EY, datada de dezembro de 2017 e enviada à agência Lusa por Joana Amaral Dias, a concessão de créditos mal fundamentada, a atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e ineficiências na gestão de risco são os principais problemas apontados à CGD.
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