No final de uma audiência com a Associação Nacional dos Cuidados Continuados, na sede nacional do partido, em Lisboa, Rio recusou falar sobre os acordos que serão formalizados na quarta-feira com o Governo pelas 18:00 sobre descentralização e fundos comunitários.

“Amanhã ao fim da tarde vou falar sobre isso. Esta semana é dedicada à saúde, se falar de outra coisa que não saúde estou a desvirtuar”, justificou Rio, em declarações aos jornalistas.

Questionado sobre a convenção anunciada hoje pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, com o objetivo de criar um “pacto nacional” na área da saúde, o presidente do PSD manifestou-se disponível para todos os entendimentos estruturais de que o país precise.

“Se o Governo e outros partido entenderem que sobre matéria de saúde e Serviço Nacional de Saúde (SNS) há uma reforma estrutural a fazer e pactos a assinar, estamos abertos a todos os acordos estruturais”, afirmou Rio, admitindo que não falou com o Governo sobre um eventual entendimento nesta área.

O líder do PSD recordou aquilo que chama a sua “regra” na vida política: “Primeiro Portugal, depois o partido, depois nós próprios”.

“Tudo aquilo de que o país precise e que não possa ser feito só por um Governo, que precise da ajuda dos outros partidos, estamos disponíveis para isso”, disse, escusando-se a responder a outras perguntas fora do âmbito da saúde.

Em concreto sobre a situação dos cuidados continuados, o líder do PSD salientou que o envelhecimento da população foi uma das matérias de que mais falou na campanha interna.

“Os governos têm de se compenetrar que estamos perante um problema muito grave que é o envelhecimento da população”, afirmou, dizendo que, no futuro, será necessário optar, por exemplo, se se constrói “uma nova ponte, uma nova estrada ou investimentos nesta realidade social”.

Na reunião, que demorou cerca de hora e meia, Rio diz ter ouvido que “o Governo não está tão sensível como devia” para o problema dos cuidados continuados de longa duração.

“Os apoios que têm recebido são escassos, as instituições muitas delas têm dividas a fornecedores, salários em atraso”, lamentou.

Por outro lado, apontou, há muitas situações em que as pessoas são mal encaminhadas para os cuidados continuados quando, na verdade, precisariam de paliativos ou poderiam estar em lares de idosos.

“Aí ou não recebem o tratamento que precisam ou então recebem, mas aquilo que o Estado paga por isso é inferior ao que devia pagar”, disse.

Estas denúncias feitas ao líder do PSD foram repetidas pelo presidente da Associação Nacional dos Cuidados Continuados, José Bourdain, que criticou o Governo por ainda não os ter recebido e denunciando a situação de “asfixia financeira” que muitas unidades enfrentam.

“Os cuidados continuados em Portugal têm atravessado um problema gravíssimo, quer no funcionamento do dia a dia, quer na parte dos constrangimentos financeiros”, criticou, lamentando uma alteração feita recentemente na lei que obriga as unidades desta área a receber todo o tipo de doentes.

[Notícia atualizada às 18:53]