No final da reunião da bancada do PSD, Rui Rio foi questionado sobre a polémica que tem marcado os últimos dois dias e considerou “inadmissível” que essa matéria tenha vindo a público e “injusto” para o ex-coordenador da ‘task force’ da vacinação.
“Quem colocou isto na praça pública, uma vez percebido quem foi, esse tem de se demitir”, defendeu, dizendo não ter essa informação, mas admitindo que o Presidente da República já a tenha.
Questionado se estava a pedir a demissão do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, Rio reiterou não saber quem foi o responsável pela antecipação da notícia.
“Se foi o ministro da Defesa que colocou… Se não foi o ministro da Defesa que colocou, estou a pedir a demissão de quem colocou. Quem o fez é inadmissível”, respondeu.
Para Rui Rio, o responsável pela divulgação dessa informação “contribuiu para o desprestígio das Forças Armadas, numa altura em que as Forças Armadas saíram altamente prestigiadas com a atuação muitíssimo positiva” do vice-almirante Gouveia e Melo na coordenação da vacinação contra a covid-19.
“As Forças Armadas não mereciam que este assunto tivesse sido colocado na praça pública como foi, quem se antecipou e veio dar a notícia de que o CEMA ia sair e ia entrar o vice-almirante Gouveia e Melo prestou um mau e um injusto serviço”, afirmou, dizendo que a demissão do CEMA também carece de uma explicação, depois de o PSD já ter pedido a audição parlamentar urgente do ministro da Defesa.
Questionado, na sequência da reunião na quarta-feira à noite entre primeiro-ministro e Presidente da República, se pode estar em causa o regular funcionamento das instituições, Rio não respondeu diretamente.
“Admito que o senhor Presidente da República neste momento já saiba quem colocou a notícia na praça pública uma matéria que não pode ser discutida assim. Eu não sei quem colocou, quem colocou com intenções táticas tem de se responsabilizar por isso”, reiterou.
Na quarta-feira à noite, o Presidente da República recebeu o primeiro-ministro e o ministro da Defesa e considerou que "ficaram esclarecidos os equívocos" sobre a chefia do Estado-Maior da Armada, segundo uma nota divulgada por Belém.
"O Presidente da República recebeu, a seu pedido, o primeiro-ministro, que foi acompanhado pelo ministro da Defesa Nacional. Ficaram esclarecidos os equívocos suscitados a propósito da chefia do Estado-Maior da Armada", lê-se na nota divulgada no sítio oficial da Presidência da República na Internet.
Na terça-feira à noite, fontes ligadas à Defesa Nacional disseram à agência Lusa que o Governo iria propor ao Presidente da República a exoneração do chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Mendes Calado, cargo que ocupa desde 2018, tendo sido reconduzido para mais dois anos de mandato com início em março deste ano.
A agência Lusa noticiou também que o Governo o vice-almirante Gouveia e Melo, que coordenou a equipa responsável pelo plano de vacinação nacional contra a covid-19, era o nome que o Governo iria propor para substituir o atual chefe do Estado-Maior da Armada.
Na terça-feira, após uma visita à Casa do Artista, em Lisboa, o Presidente da República afirmou que a saída do chefe do Estado-Maior da Armada, almirante António Mendes Calado, antes do fim do mandato está acertada, mas não acontecerá agora, escusando-se a adiantar qual será a data.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que António Mendes Calado mostrou "lealdade institucional" no exercício do cargo e realçou que nesta matéria "a palavra final é do Presidente da República".
O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas lamentou ver o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo envolvido em notícias sobre a substituição do chefe do Estado-Maior da Armada, numa situação que pode parecer "de atropelamento de pessoas ou de instituições".
Nos termos da lei orgânica das Forças Armadas, os chefes dos ramos são nomeados e exonerados pelo Presidente da República, sob proposta do Governo, que deve ser precedida da audição, através do ministro da Defesa Nacional, do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.
Comentários