O ataque russo atingiu um edifício residencial em Kryvyi Rih, no centro da Ucrânia, e "matou três pessoas", disse o governador da província de Dnipropetrovsk, Serguei Lisak.

Pelo menos 44 pessoas ficaram feridas, das quais oito se encontram em estado grave — entre elas três crianças —, acrescentou a fonte.

Zelensky assegurou que as suas forças vão infligir "perdas ao Estado russo, com todo o direito. O Kremlin deve aprender que o terror não ficará impune".

Na frente diplomática, os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira uma nova ajuda militar de 300 milhões de dólares para atender às necessidades "urgentes" da Ucrânia. Numa recepção na Casa Branca ao presidente e o primeiro-ministro da Polónia, Andrzej Duda e Donald Tusk, respetivamente, o presidente americano, Joe Biden, insistiu na necessidade de apoiar Kiev.

"Devemos agir antes de que seja literalmente tarde demais. Porque, como a Polónia sabe, a Rússia não irá parar na Ucrânia", declarou.

Na terça-feira pela manhã, o Ministério da Defesa russo informou que combatentes vindos da Ucrânia tentaram entrar nos oblasts (províncias) fronteiriços de Belgorod e Kursk com tanques e outros blindados.

Os ataques ocorrem a três dias do início das eleições presidenciais russas, nas quais, sem oposição, espera-se uma nova vitória de Vladimir Putin para um mandato de seis anos.

"Devido à abnegação dos militares russos, todos os ataques dos grupos terroristas ucranianos foram repelidos", informou o ministério, que afirma ter bombardeado o inimigo.

No entanto, o governador do oblast de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, anunciou que um membro da defesa territorial morreu e 10 civis ficaram feridos no ataque.

Moscovo, que diz ter infligido grandes perdas ao seu adversário, também relatou um ataque de grupos de sabotadores da Ucrânia contra a cidade fronteiriça de Tyotkino, no oblast de Kursk, que também foi "repelido".

A ofensiva em Tyotkino foi reivindicada horas antes no Telegram por combatentes de uma unidade pró-ucraniana chamada Legião da Liberdade da Rússia.

Esta unidade de voluntários russos, que lutam por Kiev, já fez incursões armadas no passado e anunciou ter cruzado a fronteira russa a partir da Ucrânia. O grupo publicou um vídeo de visão noturna no qual aparecem três veículos blindados a circular.

A unidade assegurou ter "destruído" um blindado russo em Tyoktino e disse que as forças de Moscovo saíram "rapidamente" do local.

As autoridades regionais ordenaram o encerramento de escolas da cidade de Kursk até sexta-feira, anunciou o autarca local, Igor Kutsak. A incursão ocorreu após um importante ataque com drones ucranianos na madrugada de terça-feira, que atingiu dois depósitos de combustíveis, um deles a centenas de quilómetros da linha de frente.

Um drone também atingiu Belgorod, cidade próxima à Ucrânia e que já foi alvo de ataques, e um centro comercial, sem deixar vítimas, informou o governador Gladkov.

Enfrentando bombardeamentos russos há mais de dois anos, Kiev costuma responder ao atacar regiões fronteiriças com artilharia ou drones. As incursões terrestres são pouco frequentes.

Segundo as autoridades russas, drones ucranianos atacaram Oriol — no oblast homónimo — e Kstovo - no oblast de Nizhni Novgorod - duas cidades a 160 e 800 quilómetros, respetivamente, da fronteira ucraniana.

Por outro lado, a Rússia disse que as suas forças capturaram a cidade de Nevelske, na província oriental ucraniana de Donetsk, onde Moscovo tem feito avanços significativos nas últimas semanas.

O presidente ucraniano, no entanto, garantiu na segunda-feira que o avanço da Rússia tinha sido contido e que a situação na frente de batalha estava muito melhor do que há três meses.

As forças navais ucranianas reivindicaram nesta terça a destruição de um "posto de comando" russo instalado num petroleiro encalhado no Mar Negro, perto do estuário do rio Dnieper.

O navio também era usado como plataforma de lançamento para pequenos drones sobre a província sul de Kherson, de acordo com as forças navais.

Zelensky também afirmou na segunda-feira que a Ucrânia está a construir linhas de fortificação de mais de 1.000 quilómetros na frente para deter o avanço russo.

Nas últimas semanas, o Exército russo conseguiu alguns avanços no leste da Ucrânia, como na cidade de Avdiivka, que está sob controlo de Moscovo desde meados de fevereiro.

O Exército ucraniano, porém, enfrenta a lentidão da ajuda ocidental, especialmente dos Estados Unidos, onde os republicanos estão a bloquear no Congresso uma ajuda de 60 mil milhões de dólares para a Ucrânia.