qEntre os textos assinados inclui-se a carta de cooperação “OPEP+”, que reúne 14 países do cartel e dez países não-membros, e que oficializou um acordo aprovado há vários meses.
Este documento crucial destina-se a “reforçar a cooperação e prosseguir o apoio à estabilidade dos mercados petrolíferos”, congratulou-se o ministro da Energia saudita, príncipe Abdel Aziz ben Salmane, no decurso de uma cerimónia solene, e perante o rei Salmane e Vladimir Putin.
A Arábia Saudita, líder da Organização dos países exportadores de petróleo (OPEP) e a Rússia, que não pertence ao grupo, cooperam de forma estreita desde há vários anos para militar a oferta do crude e tentar uma subida do preço.
O último prolongamento das reduções da produção, decidida pela “OPEP+”, expira no final de 2020.
“A Rússia concede uma importância particular ao desenvolvimento de ligações de amizade e mutuamente vantajosas com a Arábia Saudita”, assegurou o chefe do Kremlin, acolhido em grande pompa pelos sauditas.
Saudados por salvas de tiros de canhão na sua chegada ao aeroporto de Riade, foi acompanhado até ao palácio real por cavaleiros sauditas que transportaram bandeiras russas.
“Estamos impacientes de trabalhar [em conjunto] sobre todas as questões que permitirão garantir a segurança, estabilidade e paz, de lutar contra o extremismo e o terrorismo e de reforçar o crescimento económico”, afirmou o rei Salmane perante o seu interlocutor russo.
Moscovo e Riade, um tradicional aliado dos Estados Unidos, protagonizaram nos últimos anos uma inédita aproximação, assinalada pela inédita e histórica visita à Rússia do rei Salmane em outubro de 2017.
Um ano mais tarde, e quando Mohammed ben Salmane estava sob fogo cerrado de críticas após o assassinato de jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado do seu país na Turquia, Vladimir Putin saudou o príncipe herdeiro saudita com um firme aperto de mão no decurso de uma reunião do G20, e que não passou despercebido.
A Rússia, que mantém fortes relações com os sauditas e permanece uma aliada do Irão, o principal rival regional de Riade, poderá ainda procurar “desempenhar a função de pacificador” nas tensões iraniano-sauditas, de acordo com o analista político russo Fiodor Lukianov, citado pela agência noticiosa AFP.
Estas tensões agravaram-se em setembro após os ataques contra instalações petrolíferas sauditas, atribuídas por Riade e Washington ao Irão, que desmentiu qualquer envolvimento e alertou contra uma “guerra total” no caso de ataque ao seu território.
Os ataques contra as instalações sauditas foram reivindicados pelos Huthis do Iémen, apoiados por Teerão, e que combatem a intervenção militar saudita no país.
“Vamos fazer tudo para criar as condições necessárias para uma dinâmica positiva” destinada a acalmar as tensões, sublinhou Putin em entrevista a diversos ‘media’ árabes.
O conflito na Síria, onde os russos apoiam o regime de Bashar al-Assad, e os sauditas a oposição política, também deverá constar da agenda dos encontros de Putin, segundo um conselheiro do Kremlin.
“É importante para a Rússia que um país árabe participe na resolução política na Síria”, disse, pelo facto de até ao momento “apenas três países não árabes” permaneceriam envolvidos, a Turquia, a Rússia e o Irão.
Em 2017 a Rússia e a Arábia Saudita assinaram um protocolo de acordo que permitia a compra por Riade dos sistemas de mísseis antiaéreos russos S-400. No entanto, o reino acabou por optar pela compra do sistema norte-americano.
Após a Arábia Saudita, Putin desloca-se na terça-feira aos Emirados Árabes Unidos.
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