Tal como esperado, Donald Trump declarou-se “inocente” perante o juiz Jonathan Goodman, o magistrado que ficou formalmente encarregue de ler ao ex-presidente os 37 crimes federais dos quais é acusado.

Donald Trump é o primeiro ex-presidente da história dos EUA a ser indiciado criminalmente. A justiça federal acusa-o de se ter apropriado ilegalmente de documentos confidenciais.

De acordo com as informações divulgadas pela imprensa, Trump tinha mais de 300 documentos classificados guardados em sua casa, na Flórida. O republicano terá, igualmente, dificultado as investigações e a recuperação dos documentos por parte das autoridades, sendo por isso, também acusado de obstrução à justiça.

Depois da audiência, Trump saiu do tribunal em liberdade por não haver perigo de fuga. Contudo, Donald Trump está proibido de se comunicar com testemunhas.

A partir de agora, dar-se-á início ao processo judicial que deverá prolongar-se por 2024, altura de eleições presidenciais, que poderão acontecer ao mesmo tempo do julgamento.

Trump assegurou, entretanto, que em “nenhuma circunstância” deixará a corrida presidencial de 2024, liderando as sondagens para as primárias Republicanas.

Em caso de condenação antes das eleições presidenciais, legalmente Trump pode continuar como candidato.

O resultado das eleições seria decisivo: uma vitória protegeria Trump da prisão, ao contrário de uma derrota. No entanto, talvez o ex-presidente se safe das malhas da justiça, caso perca as eleições.

É que, o processo é liderado pela juíza Aileen Cannon. Cannon é uma das juízas federais nomeadas pelo próprio Trump, quando foi presidente.

Trump foi dos presidentes que mais juízes nomeou. Desde 1981 que um presidente não nomeava tantos juízes durante o mandato.

Com Trump, foram 300 juízes federais, incluindo três juízes, também da sua ala conservadora, para o Supremo Tribunal, a mais alta instância judicial do país, nomeadamente, Neil Gorsuch, nomeado por Trump em 2017, Brett Kavanaugh, em 2018 e Amy Coney Barrett, nomeada em 2020.

Em “três anos e oito meses”, Donald Trump nomeou “mais juízes federais do que todos os seus antecessores desde Jimmy Carter”, escreveu o jornal O Globo, em setembro de 2020.

Ainda sobre a magistrada que foi “sorteada” para presidir o Grande Júri quando se der o julgamento, foi procuradora no Estado da Flórida, “onde atraiu críticas generalizadas” pela forma como lidou com o FBI, quando os agentes federais "apreenderam documentos confidenciais” da propriedade de Trump, em Mar-a-Lago, no verão passado, escreve o Miami Herald.

*com Lusa e AFP