Trump, que também é candidato à Casa Branca em 2024, tornou-se na semana passada o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser indiciado criminalmente pela justiça federal, por se ter apropriado ilegalmente de documentos confidenciais e ter dificultado os esforços do Departamento de Justiça para recuperar esses registos.
A sessão está marcada para as 15h00 (hora local, 20h00 em Lisboa) num tribunal federal em Miami, na Florida, Estado onde Trump reside e onde tem uma forte base de apoiantes.
Ao chegar a tribunal, Trump deverá passar por um protocolo que inclui tirar impressões digitais e fotografia.
Apesar de normalmente os réus federais comparecerem em tribunal algemados, isso não aconteceu com Trump quando marcou presença numa audiência num tribunal de Manhattan, em abril passado, num caso de alegado suborno a uma atriz pornográfica.
Na audiência de hoje, é esperado que o candidato Republicano se declare inocente, após ouvir os 37 crimes federais dos quais é acusado.
Segundo vários meios de comunicação norte-americanos, a magistrada responsável por supervisionar inicialmente este processo criminal será Aileen Cannon - uma juíza nomeada pelo próprio Trump enquanto ainda era presidente.
Ao contrário do caso que corre no Estado de Nova Iorque, que alguns analistas jurídicos classificaram como relativamente trivial, as acusações feitas agora pelo Departamento de Justiça dizem respeito a uma conduta que pode ter colocado em risco a segurança nacional, o que implicaria uma significativa sentença de prisão.
O magnata tem encorajado os seus apoiantes a manifestarem-se junto ao tribunal de Miami.
Trump assegurou ainda que em “nenhuma circunstância” deixará a corrida presidencial de 2024, liderando as sondagens para as primárias Republicanas.
Em caso de condenação antes das eleições presidenciais, legalmente Trump pode continuar como candidato.
Politicamente, é improvável que uma condenação desencoraje os seus apoiantes que, até agora, aderem em geral às suas acusações de “caça às bruxas” e “jogada política”.
Neste caso, o resultado das eleições seria decisivo: uma vitória protegeria Trump da prisão, ao contrário de uma derrota.
Após a audiência em tribunal, Trump viajará para Nova Jérsia, onde realizará uma angariação de fundos privada.
Em janeiro de 2021, após perder a eleição presidencial para Joe Biden, Trump deixou a Casa Branca para se instalar na sua luxuosa residência em Mar-a-Lago, na Florida, e levou consigo dezenas de caixas, onde se encontravam cerca de 200 documentos classificados, e que acabam amontoadas num salão de baile, casas de banho ou despensas, segundo a acusação divulgada na sexta-feira.
Pressionado a devolver os documentos pelo Arquivo Nacional, órgão que tem como dever legal guardar todos os arquivos presidenciais, Trump restituiu 15 caixas, um ano depois.
Em junho de 2022, agentes da polícia federal norte-americana (FBI) dirigiram-se à mansão do magnata para recuperar 38 documentos confidenciais adicionais. Convencidos de que ainda faltava algo, os agentes federais regressaram em agosto do mesmo ano, desta vez munidos de um mandado de busca.
O FBI saiu da Florida com cerca de trinta caixas, contendo 11.000 documentos, incluindo segredos nucleares norte-americanos e um plano de ataque militar contra uma potência estrangeira.
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