Escreve o jornal Público que a sociedade ES Enterprise, que funcionava como "saco azul" do Grupo Espírito Santo (GES), financiou a campanha eleitoral de Cavaco Silva, em 2011. É ainda referido que foram pagos serviços a Miguel Frasquilho, hoje presidente da TAP e, na altura, deputado social-democrata. Ambos têm alegado desconhecimento deste facto.

Contudo, o caso vem relatado no despacho de acusação do Ministério Público contra o líder do Grupo Espírito Santo, Ricardo Salgado, e 24 outros arguidos.

"O Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal deduziu acusação contra 25 arguidos, 18 pessoas singulares e 7 pessoas coletivas, nacionais e estrangeiras, no âmbito do processo principal do designado “Universo Espírito Santo”", pode ler-se no comunicado enviado pelo Ministério Público às redações sobre o caso em que a figura central é o ex-banqueiro Ricardo Salgado.

Segundo adianta uma nota da Procuradoria Geral da República (PGR), foi deduzida acusação por associação criminosa e por corrupção ativa e passiva no setor privado, de falsificação de documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de pessoas singulares e coletivas.

Quanto a Cavaco Silva, o Ministério Público refere que, em novembro de 2010, Ricardo Salgado e outros administradores do BES passaram cheques à ordem da campanha eleitoral, para a reeleição do Presidente da República.

Uma investigação da Sábado revela que estão em causa nove cheques do Banco Espírito Santo e um do Barclays assinados em novembro e dezembro de 2010. Cada um destes donativos atingia o máximo permitido por lei: 25.560 euros. No total, foram transferidos para a campanha cerca de 250 mil euros.

Contudo, a lei eleitoral portuguesa não permite às empresas financiarem candidatos. Por isso, para contornar a situação, a ES Enterprises financiou indiretamente a campanha, tendo sido os administradores a passarem os cheques. Segundo a revista, o esquema usado não foi detetado por nenhuma autoridade (PJ, Ministério Público ou Entidade das Contas e Financiamentos Políticos).

No que diz respeito a Miguel Frasquilho, atual presidente da TAP, este dirigiu, entre 2009 e 2011, a Espírito Santo Research, uma corretora do BES. Todavia, houve dinheiro que lhe foi pago através de uma conta na Suíça titulada pela Espírito Santo Enterprises, a companhia offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas que funcionou como o "saco azul" do GES.

Na acusação, pode ler-se que "entre 2008 e 2011, Miguel Frasquilho recebeu 68.950 euros, em contas de que é co-titular com irmão e pais”. Ao Expresso, em 2017, Miguel Frasquilho justificou o sucedido: tinha dívidas para com os familiares em causa, pelo que preferiu que o dinheiro fosse depositado em contas que tinha com eles, negando ter conhecimento da proveniência destes valores.

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