"Acordei o capitão quando o vento estava a 20 nós. Ele deu ordens para alertar toda a gente. De seguida, arrumei as almofadas e as plantas, fechei as janelas do salão da proa e algumas escotilhas". É assim que Matthew Griffiths descreveu o sucedido no Bayesian.
"O barco estava inclinado e nós estávamos a andar pelos lados. Salvámos os que pudemos, até o Cutfield [o capitão] salvou a menina e a mãe", contou.
Segundo o Corriere Della Sera, o tripulante da embarcação foi a primeira testemunha a ser ouvida na investigação.
Na hipótese da acusação, o veleiro ter-se-ia inundado e afundado por causa da água que entrou pela porta da popa e pelas anteparas que ficaram abertas apesar da tempestade. Contudo, Griffiths não terá falado sobre as portas.
Depois de terem colocado sob investigação o capitão do iate, o neozelandês James Cutfield, por suspeita de negligência e homicídio involuntário múltiplo, os procuradores da localidade siciliana de Termini Imerese decidiram também colocar sob investigação o engenheiro naval Tim Parker Eaton e o marinheiro Matthew Griffiths, enfrentando ambos igualmente as mesmas acusações, na sequência do naufrágio que provocou sete vítimas mortais, entre as quais o proprietário da embarcação, o magnata britânico Mike Lynch.
De acordo com a imprensa italiana, Tim Parker Eaton está a ser investigado sob a acusação de suspeita de homicídio por negligência múltipla e de ter provocado um naufrágio ao não ter ativado os sistemas de segurança para fechar as escotilhas e as portas da embarcação, o que pode ter provocado a inundação da casa das máquinas, provocando um apagão e contribuindo para o naufrágio.
Já o marinheiro Matthew Griffiths, 22 anos, que estava de vigia na noite em que o iate de luxo se afundou ao largo da costa de Porticello, durante uma tempestade na madrugada de 19 de agosto, é suspeito de não ter avisado sobre a chegada do violento fenómeno meteorológico que levou ao naufrágio do super-iate, segundo fontes da investigação.
Três dos 10 membros da tripulação do Bayesian estão neste momento sob investigação formal, não estando afastada a hipótese de outros serem acusados, designadamente o vice-capitão Tijs Koopman, igualmente convidado a permanecer em território italiano durante esta fase da investigação.
Na terça-feira, James Cutfield escusou-se a responder às questões dos procuradores, segundo os seus advogados, a quem foi atribuída a defesa na véspera, por estar “exausto”.
Na mesma ocasião, os advogados também alegaram que ainda não tinham tido tempo de analisar todo o dossiê e as acusações concretas de que o capitão neozelandês é alvo.
Além de Mike Lynch, 59 anos, e da sua filha Hannah, de 18 anos, morreram no naufrágio do “Bayesian” o presidente da Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, a sua mulher, Anne Elizabeth Judith Bloomer, um advogado de Lynch, Chris Morvillo, e a sua mulher, Nada Morvillo, e um membro da tripulação, Ricardo Thomas, que trabalhava como cozinheiro a bordo.
Mike Lynch, apelidado de “Bill Gates britânico”, festejava neste cruzeiro com amigos, sócios e advogados a sua absolvição, em junho passado, num processo de fraude nos Estados Unidos, quando um minitornado atingiu o “Bayesian”, ancorado ao largo de Porticello, no norte da Sicília, durante uma forte tempestade.
Considerado “inafundável”, o iate de luxo foi a única embarcação a naufragar na zona durante a forte tempestade, contribuindo para as suspeitas das autoridades italianas de que houve negligência.
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