“Vocês em Itália e nós em França estamos unidos na mesma luta, a luta pela liberdade, pela pátria, sei o quanto vocês valorizam as vossas liberdades”, declarou a política francesa em Pontida, uma pequena cidade na Lombardia (norte da Itália) que acolhe anualmente o principal encontro da Liga de Salvini, atual ‘número dois’ do Governo de coligação de direita e extrema-direita.
A união de ambos os políticos serviu para encenar o seu apoio determinado a uma coligação entre formações de direita antes das eleições europeias de 2024, apesar da relutância dos partidos populares europeus em alinhar com as formações mais extremistas.
Por isso, após o encontro, a própria Liga de Matteo Salvini garantiu que ambos os dirigentes ponderam organizar um “grande evento internacional” no final do ano, que reúna todos os seus aliados na Europa que consideram “alternativas à esquerda”, sendo este o sinal de partida para as eleições.
“O nosso destino é a vitória em Itália e na União Europeia. Estamos destinados a vencer”, disse o político italiano.
Na sua intervenção, Salvini expressou o seu desejo de que Le Pen se tornasse Presidente de França.
“Se tivermos que escolher entre (Emmanuel) Macron e Marine Le Pen não tenho dúvidas: toda a minha vida com Le Pen”.
A dirigente francesa retribuiu o elogio, respondendo que “quando há um partido como a Liga e um líder como Salvini sabe-se que é a escolha certa, na verdade a única escolha”.
A troca de elogios ocorreu ao mesmo tempo em que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, da formação Irmãos da Itália, viajou para a ilha de Lampedusa (no sul do país) juntamente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sequência do agravamento da crise migratória. A pequena ilha italiana recebeu mais de 10.000 refugiados em apenas três dias.
Numa referência a essa visita, Le Pen pediu a “defesa dos portos”, como fez Salvini quando era ministro do Interior italiano, atualmente acusado judicialmente de bloquear o desembarque de migrantes salvos pelo navio Open Arms no Mediterrâneo em 2019.
“Naquela altura, toda a Europa admirava a Itália e nós, como aliados, estávamos orgulhosos de Salvini e da Liga”, acrescentou.
Salvini afirmou que a sua presença na reunião da Liga e a de Meloni em Lampedusa são “a síntese do mesmo objetivo e destino comum”.
“Eles não serão capazes de nos dividir, temos culturas e sentido de militância diferentes, mas o centro-direita unido vencerá”, declarou.
A campanha eleitoral para as eleições europeias tem um significado especial para o Governo italiano, uma vez que cada um dos três partidos de direita que compõem a sua coligação pertence a um grupo diferente das forças conservadoras no Parlamento Europeu.
No entanto, a reedição desse pacto perturba a ala mais moderada do executivo italiano, representada por Antonio Tajani, ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo presidente do Parlamento Europeu, que não quer aliar-se a Le Pen, alegando que não compartilham os mesmos valores, refere a agência espanhola EFE.
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