“A Aliança nasce para concorrer a todos os atos eleitorais e nasce não para ter um dígito, nasce para ganhar um lugar entre os maiores partidos portugueses, isso exige muito trabalho, falar muito com as pessoas”, afirmou Santana Lopes, em declarações aos jornalistas, depois de entregar as assinaturas.

Questionado se entende, como disse a líder do CDS, Assunção Cristas, que a Aliança pode somar votos ao espaço de centro-direita, o ex-líder do PSD respondeu: “A líder do CDS tem feito análises bem lúcidas nesta matéria”, realçando que “há um desequilíbrio no número de forças políticas à esquerda e no centro direita”.

“Se tiver no mercado eleitoral, em vez de duas ofertas, três ofertas válidas, há condições para esse espaço político conseguir mais votos do que só com duas”, afirmou, manifestando intenção de ir conquistar eleitores à abstenção.

Sem nunca falar do líder do seu antigo partido, Santana Lopes chegou ao Tribunal Constitucional antes das 16:00 acompanhado de várias pessoas da sua estrutura, entre os quais duas caras conhecidas da social-democracia: o antigo autarca da Covilhã Carlos Pinto e a antiga secretária de Estado da Habitação Rosário Águas, que se desfiliaram recentemente do PSD para integrar este projeto.

“A minha preocupação não é o PSD, o CDS ou outros partidos. A minha questão é formar a identidade da Aliança. Não queremos ser sucedâneos ou sucessores de nenhuma outra instituição”, salientou, interrogado se irão aparecer mais figuras do seu anterior partido na Aliança.

Questionado se o atual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, poderá ser o cabeça de lista do partido às eleições europeias, Santana elogiou as suas qualidades, mas disse que esse assunto não foi abordado entre os dois.

O antigo líder do PSD – que se desfiliou do partido no início de agosto – sublinhou não querer o título de “oposição mais agressiva”, mas da “que tem as melhores propostas para os portugueses”, apontando preocupações na área da saúde ou das prisões, por exemplo.

“Se quiserem pôr um rótulo na Aliança é: menos impostos, e por isso o Estado tem de consumir menos percentagem da riqueza nacional”, defendeu, manifestando a sua discordância com medidas como a distribuição de manuais gratuitos “para todos”, independentemente da condição económica.

Falar “tanto do Estado como dos problemas das pessoas” foi uma promessa deixada por Pedro Santana Lopes sobre o novo partido, que quer exigente com o Governo, mas também com os outros órgãos de soberania, como o Presidente da República.

“Deve e pode usar a popularidade que tão bem conseguiu para ajudar a sociedade portuguesa a fazer as grandes reformas que há muito são necessárias”, afirmou, apontando como exemplos o sistema eleitoral ou a justiça, mas também “as chagas sociais”.

Em matéria de princípios, o antigo líder do PSD definiu o Aliança como um partido europeísta – “crente no projeto europeu, mas apaixonado por Portugal” -, “com disciplina de voto e fiel aos valores e princípios da identidade nacional", e que defende opções de escolha – privadas e do setor social – na saúde e segurança social porque “o Estado não tem dinheiro para tudo”.

Santana Lopes destacou que, “num tempo recorde”, menos de um mês, a Aliança conseguiu dar início ao processo de formalização do partido, que passou pela entrega hoje de assinaturas, estatutos e declaração de princípios no Tribunal Constitucional.

Enquanto este órgão não emite o acórdão que formalizará a 23.ª formação política portuguesa, serão formadas as comissões instaladoras nacional e distrital, com vista à preparação do primeiro congresso do partido, previsto para dezembro/janeiro.

Desde já, Santana promete um partido que vai “trazer bom ambiente”, com menos papel e menos sedes físicas, inscrições online para militantes e simpatizantes – não haverá obrigação de pagar quotas para votar – e cujo financiamento será, por enquanto, assente no ‘crowdfunding’.

“A adesão que notamos nas ruas é principalmente da juventude, a tal que não vê debates, não liga à política. A minha preocupação não é ir tirar eleitores de BE, PS, PSD, mas é tirar gente da abstenção”, assegurou.

Questionado se, ao fim de mais de quatro décadas na vida política, mantém o entusiasmo, respondeu afirmativamente.

“Imenso, enquanto acreditarmos nas causas importantes e sentirmos essa força, é uma falta de dignidade parar ou desistir”, afirmou, garantindo que este não será “um partido de um homem só” mas mais assente em “caras novas” do que nos “mesmos de sempre”.


Notícia atualizada às 18:05