“A nossa preocupação é não ter apenas um museu militar, mas antes convidar os visitantes a refletir sobre como os militares influenciaram a cidade de Santarém sob diversos pontos de vista, para além do militar”, disse o historiador e técnico da Câmara Municipal de Santarém Luís Mata, em declarações à agência Lusa.
Ou seja, salientou, pretende-se que o centro foque a importância militar do exército na cidade ribatejana, mas também que seja feita uma abordagem mais ampla, falando sobre importância económica, social e cultural que os militares exerceram na cidade.
O projeto ainda está numa fase inicial, mas segundo Luís Mata serão necessários pelo menos 250 mil euros para construir o novo centro de interpretação militar, cujas obras o responsável espera que estejam concluídas para o próximo ano.
No centro deverão ser disponibilizados documentos, filmes, exposições fotográficas e mapas que retratam e “materializam” as interações entre o corpo militar e a cidade escalabitana.
O novo espaço vai ser instalado num anexo, situado entre a antiga Escola Prática de Cavalaria e o Convento de S. Francisco, numa sala onde outrora funcionou o refeitório dos sargentos e que será “totalmente reconfigurada e alvo de obras de adaptação profundas”.
Segundo o vereador da Cultura de Santarém, Nuno Domingos, o centro terá como finalidade explicar a influência do exército na cidade ao longo dos tempos, desde as invasões francesas, passando pela implementação da República até à atualidade.
“Queremos contar esta relevância do exército, que atravessa várias épocas da nossa história. Quando começamos a pesquisar encontramos relevância do exército numa escala muito mais alargada que a escola prática, sendo que a escola é o momento mais relevante de todos”, disse Nuno Domingos à Lusa.
Ainda de acordo com o autarca, o equipamento permitirá também reconhecer e identificar a relação “íntima” que existe entre os militares e a cidade de Santarém e “agradecer tudo aquilo que exército fez e ofereceu” ao território escalabitano.
A criação do novo espaço está também relacionada com o Museu de Abril e Valores Universais (MAVU), que também será instalado na antiga Escola Prática de Cavalaria.
Embora sejam espaços com “filosofias diferentes”, Luís Mata salientou os projetos estão relacionados, uma vez que refletem, em conjunto, de que forma os militares contribuíram para a liberdade, não só no 25 de Abril, mas também noutros períodos históricos.
“Estão associados e complementam-se. Têm filosofias diferentes, mas complementam-se porque reforçam a importância dos militares na cidade de Santarém em diferentes épocas”, explicou.
O MAVU é uma das iniciativas da Rede Urbana da Liberdade e da Cidadania, constituída pelos municípios de Santarém, Castelo de Vide (distrito de Portalegre) e Vendas Novas (distrito de Évora) e que tem como objetivo destacar os valores da liberdade e da cidadania, sob o símbolo do 25 de Abril de 1974.
O centro de interpretação Santarém Militar foi criado por uma equipa que juntou técnicos da Câmara Municipal, o designer Carlos Amado, o arquiteto e antigo funcionário da autarquia José Rodrigues, o sargento-mor José Manuel dos Santos e o diretor do Museu Militar de Lisboa, coronel Francisco Amado Rodrigues.
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