“Terminou um ciclo de vida de 15 anos no exercício de funções governativas”, declarou Augusto Santos Silva na segunda-feira, no Palácio de Belém, momentos depois de ter formalmente cessado as suas funções de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros no segundo executivo liderado por António Costa.
Augusto Ernesto Santos Silva nasceu em 20 de agosto de 1956, no Porto. É licenciado em História pela Faculdade de Letras do Porto, doutorado em Sociologia pelo ISCTE e professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Ministro de governos liderados por António Guterres, José Sócrates e António Costa, Augusto Santos Silva, de 65 anos, é uma das figuras centrais das últimas duas décadas e meia de história deste partido.
Passou para a primeira linha política do PS após o primeiro triunfo socialista com maioria absoluta em eleições legislativas - fevereiro 2005 - e com a posterior nomeação de José Sócrates para o cargo de primeiro-ministro.
Após um período de relativo afastamento da vida política, que coincidiu com o período em que António José Seguro assumiu as funções de secretário-geral do PS (2011/2014), o professor universitário do Porto voltou a ser chamado para exercer uma pasta executiva de elevada centralidade no primeiro Governo liderado por António Costa, em novembro de 2015, desempenhando o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros.
A partir de 2019, no segundo Governo liderado por António Costa, viu os seus poderes institucionais reforçados, sendo um dos ministros de Estado, juntamente com Pedro Siza Vieira, Mário Centeno e Mariana Vieira da Silva.
Antes da diplomacia, nos governos de José Sócrates, ocupou a Defesa (2009-2011), depois de ter sido responsável pela articulação entre o Governo e Assembleia da República, enquanto ministro dos Assuntos Parlamentares (2005-2009), numa legislatura em que o PS governou pela primeira vez com maioria absoluta.
É militante do PS desde 1989, ano em que se filiou juntamente com o antigo ministro e líder parlamentar socialista Alberto Martins. No plano político-ideológico, entre as diferentes sensibilidades socialistas, Augusto Santos Silva apresenta-se como um “moderado”.
Apesar de ter feito parte de um Governo suportado no parlamento por Bloco de Esquerda, PCP e PEV, a partir de novembro de 2015, demarcou-se sempre da chamada ala esquerda do seu partido.
Na campanha eleitoral para as legislativas de 2019, mesmo com a promessa de António Costa de manter a “Geringonça” como solução de Governo, fez discursos duros em relação ao Bloco de Esquerda e PCP, alertando então para os perigos do regresso da instabilidade política a Portugal.
Foi também um dos primeiros destacados socialistas a manifestar apoio à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa ao cargo de Presidente da República nas eleições de janeiro de 2021.
Em relação ao seu passado político mais distante, com António Guterres na liderança de executivos, Augusto Santos Silva foi ministro da Educação entre 2000 e 2001, depois de ter sido secretário de Estado da Administração Educativa entre 1999 e 2000, e assumiu a pasta da Cultura entre 2001 e 2002.
Na década de 90, definia-se como um "católico de esquerda". Nesse período, Augusto Ernesto Santos Silva destacou-se na iniciativa denominada “Estados Gerais – por uma nova maioria” – lançada pelo atual secretário-geral das Nações Unidas como alternativa ao executivo do PSD de Cavaco Silva e em que surgiu como uma das principais figuras do Porto, notabilizando-se com intervenções sobre assuntos relacionados com a cidade.
Mais tarde, já com José Sócrates no cargo de secretário-geral do PS, integrou o conselho coordenador do Fórum Novas Fronteiras - o organismo que elaborou o programa eleitoral com que este partido se apresentou às legislativas de 20 de fevereiro de 2005.
Antes de assumir funções governativas, Augusto Santos Silva integrou o Conselho Nacional de Educação entre 1996 e 1999, e foi vogal da comissão do livro branco da Segurança Social.
Mais recentemente, o professor catedrático da Faculdade de Economia do Porto liderou a Fundação Respublica (ligada ao PS) e coordena o Fórum Mário Soares.
Nos primeiros anos da democracia portuguesa, durante a sua juventude, integrou grupos de inspiração trotskista e nas primeiras eleições presidenciais, em 1976, apoiou a candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho.
Em 1980, porém, Augusto Santos Silva já esteve ao lado da recandidatura presidencial de António Ramalho Eanes.
Nesta sua linha de ligação às correntes católicas progressistas, apoiou em 1985, na primeira volta, a candidatura presidencial de Maria de Lurdes Pintasilgo, na primeira volta. Na segunda volta dessas eleições, votou no fundador e primeiro líder do PS, Mário Soares, que venceu Freitas do Amaral.
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