“A valorização mensal das retribuições previstas para os próximos três anos poderá atingir um valor anual nos pontos mais baixos da carreira na casa dos quatro mil euros. Ou seja, equivalente a quatro vencimentos. Aos quais acrescem ainda as valorizações da própria Administração Pública, que no caso andarão a rondar os 170 euros”. Foi esta a declaração do primeiro-ministro no parlamento nesta quarta-feira. Estas palavras, contudo, apanharam os sapadores desprevenidos.

As negociações entre os sindicatos e o Governo, recorde-se, tinham sido suspensas devido ao último protesto dos sapadores, que o executivo considerou como uma “tentativa de pressão inadmissível”. Pelo que as palavras de Montenegro deixaram os profissionais surpreendidos.

“Se isso for verdade, estão a negociar através da comunicação social. Vou dar-lhe um exemplo, o senhor primeiro-ministro diz que além dos valores que referiu, acrescem mais 170 euros das valorizações da Função Pública. Mas na última reunião que tivemos, ficou claro que esses 170 euros não seriam para somar à proposta, mas estariam já nos aumentos. Eles, dentro do Governo, têm de entender-se. Os quatro mil euros não são verdade. O senhor primeiro-ministro não está minimamente informado, o que diz é completamente falso. O Governo a fazer contas poucas vezes acerta”, diz ao SAPO24 Ricardo Cunha, do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, apontando o dedo ao Executivo.

“Eles falam do protesto, mas são eles que nos estão a tratar como bandidos, por tudo o que têm dito sobre isso. Se nos chamarem, vamos voltar a negociar, mas estão foram da realidade. O Governo pegou em gasolina e tem incendiado este tema. Eles não estão a ajudar. Tenho a hombridade de dizer que os meus colegas exageraram, mas também são eles que não têm aumentos e ainda lhes propõem trabalhar de borla, com a atual proposta. O Governo está a ser malabarista, a ludibriar os media e os portugueses”, diz o dirigente sindical, que promete voltar às ruas em protesto.

"A direção reuniu e o que ficou decidido foi um voto de repúdio à posição que o Governo adotou relativamente ao cancelamento das negociações, Se até dia 20 não reatar as negociações, vamos voltar aos protestos no início de janeiro", salienta.