Na cerimónia comemorativa dos 111 anos do Edifício Sede da NOVA Medical School, em Lisboa, - que contou também com a presença do Presidente da República - Manuel Heitor considerou que a morte esta madrugada de uma jovem de 17 anos com sarampo "só pode ser um apelo à promoção da cultura científica".

"E digo-o nesta audiência porque, de facto, passados 30 anos do primeiro programa mobilizador de ciência em Portugal e mais de 20 anos de promoção da cultura científica, ainda persistem na sociedade portuguesa a coexistência de centros de grande excelência científica com um défice de cultura científica, havendo ainda famílias que não vacinam as suas crianças", lamentou.

Para o ministro, é "um esforço coletivo" o apelo "à promoção da cultura científica", que terá de ser feito “diariamente nas escolas, nos centros de investigação, mas de uma forma geral na sociedade em todas as suas dimensões sociais, económicas e culturais".

"Não há uma sociedade mais moderna e mais aberta sem ciência e para haver mais ciência tem de haver cultura científica porque hoje isso é parte da nossa construção social de fazermos do conhecimento o nosso desígnio de afirmação dos portugueses no mundo", defendeu.

De acordo com Manuel Heitor, "o ensino da medicina evoluiu drasticamente em Portugal e noutras partes do mundo nos últimos 111 anos", devendo haver orgulho "por todo o trabalho feito nesta escola em prol da modernização consecutiva e gradual desse ensino".

"Mas, ao reconhecermos isso temos também de nos saber autocriticar pela necessidade de avançarmos o conhecimento científico com um esforço cada vez mais importante naquilo que é a especialização do conhecimento", observou.

A cerimónia começou com um minuto de silêncio em homenagem à jovem de 17 anos com sarampo que morreu, tendo estado ausente da sessão o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, uma vez que à mesma hora decorria uma conferência de imprensa na Direção-Geral da Saúde, na qual revelou que a vítima mortal não estava vacinada.

"A jovem não estava protegida do ponto de vista imunitário", disse o ministro, em resposta a uma pergunta sobre se a rapariga estava vacinada.

De acordo com uma nota do Centro Hospitalar de Lisboa Central, a que pertence o Hospital Dona Estefânia, a jovem morreu "na sequência de uma situação clínica infecciosa com pneumonia bilateral - sarampo".

Na conferência de imprensa na Direção-Geral da Saúde, o ministro manifestou solidariedade para com os pais da jovem que morreu e sublinhou a importância da proteção, frisando que a vacinação "é segura e eficaz".

O Presidente da República, na mesma cerimónia, apelou aos pais para pensarem na saúde dos filhos e dos outros concidadãos para que o Estado não tenha que recorrer "a meios obrigatórios de intervenção" na questão do sarampo.