“Ajudar os oceanos não é fácil. Quem está a trabalhar para ajudar a que tenhamos um oceano mais saudável está sistematicamente com problemas de financiamento. E por outro lado as pessoas que querem fazer parte da solução não sabem como contribuir e ajudar, não há uma forma acessível e confiável de apoiar o oceano”, diz Assunção Loureiro, que dirige a iniciativa.
A iniciativa chama-se “SeaTheFuture” e é a primeira solução global de “crowdsaving”, basicamente uma plataforma que junta projetos de conservação dos oceanos, que existem e que são eficazes, rigorosos e transparentes, em qualquer parte do mundo, onde qualquer pessoa com acesso à Internet pode ir conhecer os projetos com detalhe e apoiar os que quiser com a quantia que quiser.
É, diz Assunção Loureiro à Lusa, uma plataforma global, que tem sede em Portugal mas podia estar em qualquer outro país, e que nasceu do Oceanário de Lisboa. E a partir de agora, segundo informação hoje divulgada pela “SeaTheFuture”, com o apoio da Comissão de Sobrevivência das Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), uma das instituições mais relevantes de conservação a nível mundial.
“Para uma plataforma nova como a nossa é importante ter uma organização como a UICN a reconhecer o nosso mérito”, disse Assunção Loureiro, explicando que a organização partilha com os associados a existência da “SeaTheFuture”, que poderá ajudar a financiar projetos em que a UICN esteja envolvida.
A plataforma “SeaTheFuture” vai juntar pessoas, oferecendo-lhes um conjunto de projetos de conservação, “de impacto comprovado e onde podem rastrear o apoio que vão dar”. E os projetos recebem um canal adicional de financiamento e tambem criação de conteúdo para contarem a sua própria história, com o apoio profissionais que fazem parte da plataforma, conta Assunção Loureiro.
E acrescenta que a “SeaTheFuture” basicamente dá voz a projetos, explica o que fazem numa plataforma de fácil entendimento, para já em inglês mas que se quer em muitas línguas, ajuda a capacitar comunidades locais com o apoio dos doadores, e protege o ambiente, porque sem um oceano saudável dificilmente o planeta será sustentável.
Assunção Loureiro dá o exemplo de mangais no Haiti, grandes sequestradores de carbono, que as pessoas cortavam para queimar e que agora protegem para polinização de abelhas, recebendo o mel e outros produtos. Precisa de 27.600 euros, já recebeu 8.660.
Dos oito projetos na plataforma, nenhum português, o que angariou já mais dinheiro é o Tatô, de São Tomé e Príncipe, com 22 dos 26 mil euros que procura alcançar. Mas há os tubarões baleia nas ilhas Galápagos, golfinhos na África do Sul, aves na ilha da Reunião, neste caso a precisar de 14 mil euros para mobilizar e treinar voluntários mas ainda só com 246 euros.
Assunção Loureiro explica que os projetos passam por um crivo apertado (oito critérios) até chegarem à plataforma, porque têm de ser transparentes e de confiança. E diz que a plataforma promove o rastreio de todos os fundos angariados até ao seu destino final, e comunica a evolução das ações de conservação.
A responsável adianta ainda que para apoiar os projetos as pessoas podem fazer uma doação direta, na página, ou comprar produtos de “merchandising sustentável”, feitos em Portugal. “Se as pessoas doam 10 euros 8,5 vão diretos para o projeto escolhido”, diz.
A aposta é maior a nível europeu, de países com uma cultura de filantropia maior do que a portuguesa e com mais disponibilidades financeiras.
A plataforma está agora a começar, mas Assunção Loureiro espera no futuro ter ali centenas de projetos e outros tantos doadores, que oiçam as histórias (cada projeto tem um vídeo associado), que apoiem a conservação dos oceanos e a restauração dos ecossistemas.
E recorda a importância dos oceanos na mitigação das alterações climáticas, no sequestro de carbono, na regulação do clima. Tanto para serem das causas com menor financiamento.
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