Desde novembro que a região Norte se encontra em seca fraca, com exceção da região nordeste, em Trás-os-Montes, em que “há pontos com seca moderada”, explicou à Lusa Vanda Pires, do Departamento de Clima e Alterações Climáticas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“É esta altura que vai determinar muito a evolução da seca e o mês de janeiro é crítico, porque, se não houver precipitação, e não estão previstos grandes valores de precipitação, pelo menos até ao final do mês, a tendência é para que esta situação se agrave”, prosseguiu.
Com esta perspetiva, resta “ver se em fevereiro consegue haver alguma recuperação”, até porque “depois começamos a entrar em meses do ano em que cada vez há menos precipitação”, sublinhou.
Por isso, insistiu que “janeiro era aqui um mês crucial para esta situação não se agravar, mas a perspetiva não é boa”, acrescentando que a região “poderá passar para a classe de seca moderada”, com seca severa na região de Bragança.
“Temos quatro classes de seca [fraca, moderada, severa e extrema] e ainda estamos na primeira classe, na menos intensa, mas estamos a evoluir para a moderada. Tendo em conta que já estamos há dois meses na fraca, três meses seguidos de seca, quando são três meses de inverno, em que normalmente há precipitação, esses impactos já poderão ser maiores agora, durante o final do mês e início de fevereiro”, detalhou.
A especialista referiu que “têm sido anos cada vez menos chuvosos, anos com valores muito abaixo do normal em muitos deles, desde os anos 1990, mas, sobretudo, a partir dos 2000”.
“Houve muitos anos com situações de défice de precipitação, mas com esses fenómenos extremos que são prejudiciais” de chuva intensa.
Anos como o de 2018, em que o país sofria uma situação de seca desde abril de 2017, que terminou com chuvas muito intensas em março de 2018, são prejudiciais “para a degradação dos solos”.
“Para a própria agricultura, não ajuda estarmos em seca e, de repente, passarmos para uma situação de inundações. Vai cada vez mais destruindo a qualidade do solo e todas as características que são precisas para a agricultura”.
Por isso, “o ideal seria vários dias de chuva, com intensidade mais baixa”.
“Já estamos a ver que em janeiro isso não vai acontecer”, mas ainda há esperança de “um mês de fevereiro em que chovesse praticamente todos os dias, sem grandes excessos, sem grandes intensidades”, concluiu.
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