Convidado para intervir no primeiro dia da Cimeira Mundial da Família, que decorre em Lisboa entre hoje e quarta-feira, o secretário de Estado do Emprego destacou a educação e a formação como fatores fundamentais para a construção de sociedades coesas, inclusivas e sustentáveis.

“A formação, educação, a aprendizagem ao longo da vida, a qualificação das pessoas são elementos decisivos para cada uma das dimensões dos objetivos de desenvolvimento sustentável”, destacou.

Nesse sentido, defendeu que é “fundamental” assegurar que todas as pessoas têm acesso a um sistema de educação, que há uma “elevação da base de qualificação”, porque só dessa forma se constroem sociedades inclusivas em que todas as pessoas beneficiam dos padrões de bem-estar, e que há uma renovação das competências.

“Disto dependerá em larga medida a sustentabilidade e coesão das nossas sociedades”, sublinhou, defendendo que é preciso definir prioridades para alcançar estes três objetivos, quer nas qualificações de jovens ou de adultos, ou na aprendizagem ao longo da vida.

Miguel Cabrita apontou que a aprendizagem ao longo da vida é um mecanismo de combate às desigualdades sociais e de inclusão e de promoção da dignidade em todas as esferas da sociedade.

De acordo com o secretário de Estado, “são precisamente as pessoas que têm menos qualificações enquanto jovens que, depois, menos têm acesso, ao longo da vida, à formação e à qualificação”, um fenómeno que tem depois um “reflexo muito importante” nos níveis salariais, nas oportunidades de emprego e no bem-estar das famílias.

“Precisamos de tirar melhor partido, ao longo da vida, do potencial das pessoas e porventura a única forma de o conseguir é através da formação ao longo da vida, sob pena de agravarmos seriamente os níveis existentes de desigualdade e de exclusão”, apontou.

A diretora do gabinete em Portugal da Organização Internacional do Trabalho (OIT) defendeu que “é necessário investir fortemente no setor social em todo o ciclo de vida”.

De acordo com Mafalda Troncho, esse investimento deveria começar na gravidez, passando pela infância, ao longo de toda a adolescência até à entrada dos jovens no mercado de trabalho, para garantir “um futuro com trabalho com dignidade”.

“Os programas na primeira infância são decisivos para o desenvolvimento de crianças e jovens e para a participação das mulheres no mercado de trabalho”, sublinhou.

Segundo a responsável, a OIT defende que quebrar o círculo vicioso da baixa escolaridade, baixa produtividade e pobreza persistente “é crucial para a promoção de um crescimento económico inclusivo e de um trabalho digno para todos”.

“Uma aprendizagem ao longo da vida é indispensável para acompanhar as competências necessárias, em permanente mutação, para o mercado de trabalho”, apontou Mafalda Troncho.

A presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), entidade coorganizadora, aproveitou para chamar a atenção para as desigualdades na vida das mulheres e para as limitações na participação nos processos de tomada de decisão e de como isso tem limitado as suas oportunidades para desenvolverem as suas aptidões e o seu pleno exercício à cidadania.

“A igualdade entre homens e mulheres, em toda a sociedade, permite reforçar a sua capacidade no mercado de trabalho, na produtividade e no rendimento, na participação política, cívica e na esfera familiar com benefício claríssimo para o desempenho justo e sustentável”, defendeu Joana Gíria.

A responsável apontou que é preciso reconhecer o trabalho não remunerado de cuidado, de assistência ou de tarefas domésticas através da partilha de responsabilidades familiares como uma das metas nos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Cumpridos todos os objetivos de desenvolvimento sustentável, Joana Gíria disse que será possível ter um “modelo global forte, com um potencial e capaz de combater todas as desigualdades e eliminar todas as formas de violência e discriminação”.