O cardeal Pietro Parolin, que presidiu em Fátima à peregrinação de 12 e 13 de maio, disse, em entrevista ao número de junho do jornal Voz da Fátima, órgão oficial do santuário, que, quer pela mensagem deixada aos três videntes, quer pelos peregrinos de todo o mundo que ali se reúnem, na Cova da Iria “se realiza já uma experiência de fraternidade”, pelo que poderá ser equacionado “propor Fátima como o lugar para celebrar o dia da fraternidade”.
Para a segunda figura do Vaticano, Fátima assume também um papel importante no mundo globalizado, ao apontar que “esta globalização, que é sobretudo uma globalização da economia e de interesses económicos, deve ser primeiramente uma globalização da solidariedade”.
Fátima pode facultar a “passagem de uma globalização apenas económica para uma globalização da solidariedade e do cuidado”, disse Pietro Parolin, que nesta entrevista ao órgão oficial do Santuário de Fátima manifestou preocupação face às ameaças à democracia.
Segundo o responsável da Santa Sé, “a democracia não é apenas o simples exercício do voto, não é apenas um método através do qual as pessoas se exprimem, mas é (…), acima de tudo, um sistema de valores. (…) Quando já não existe este sentido de valores, mesmo na democracia, esta torna-se um puro exercício que, em última análise, já não é valorizado”.
Pietro Parolin alertou ainda que se assiste “tantas vezes à crise da democracia, mas a crise da democracia nasce no povo, nas pessoas que já não têm confiança. O fenómeno do abstencionismo nas eleições é um sinal muito claro de que as pessoas já não confiam nos políticos”, mas antes em pessoas “que propõem, numa ilusão, dar respostas simples, face a um mundo complexo, dar respostas imediatas, perante um mundo que, pelo contrário, exige um trabalho longo e paciente”.
A presença de Parolin em Fátima, em 12 e 13 de maio, foi similar à que ocorreu em outubro de 2016, quando presidiu às cerimónias da última peregrinação aniversária daquele ano ao santuário, meses antes da visita do Papa Francisco, que em maio de 2017 canonizou na Cova da Iria os videntes Francisco e Jacinta Marto.
Desta vez, o secretário de Estado do Vaticano esteve no Santuário de Fátima cerca de três meses antes da esperada visita do Papa Francisco à Cova da Iria, no dia 5 de agosto, no âmbito da sua deslocação a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude.
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