Segundo o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), no segundo dia de greve “mantém-se uma expressiva participação dos médicos”, que supera a do primeiro dia.
“A participação dos médicos dos blocos operatórios na greve está hoje muito próxima dos 95%. Os blocos centrais de Leiria e do Algarve, por exemplo, estão todos encerrados e no Hospital S. João apenas um dos blocos está a funcionar”, disse à agência Lusa Roque da Cunha.
De acordo com o secretário-geral, nas consultas externas dos hospitais a adesão à greve está “entre os 72% e os 75%”, enquanto nos centros de saúde os números “rondam os 80%”.
Roque da Cunha explicou que no Hospital Garcia de Orta, em Almada, apenas “um bloco está a funcionar”, devido a uma “cirurgia não programada a um doente oncológico”.
O responsável acusou o ministro da Saúde de “ficar contente e tranquilo” com os atuais tempos de espera pelas consultas e cirurgias, mas diz que o responsável pela tutela “não se pode esconder”.
“A verdade é que o ministro da Saúde não se pode esconder na circunstância de dizer que a greve é legal ou que os médicos têm reivindicações com que ele concorda a 90%. O fundamental seria que se dispusesse a negociar. Nós não nos conformamos e exigimos que passe a haver negociações sérias”, afirmou.
Roque da Cunha referiu ainda que os “doentes sabem que os médicos não gostam de fazer greve” e que sentem a “compreensão dos doentes”.
A greve nacional de médicos teve início às 00:01 de terça-feira e termina às 23:59 de quinta-feira, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”.
A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação.
Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.
Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.
A paralisação nacional deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, ou cuidados paliativos em internamento.
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