Os dados foram avançados à agência Lusa pela secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, no dia em que se assinalam três meses dos incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro em vários distritos do centro do país, que provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos.
Durante os dias 15 e 16 de outubro as equipas do Instituto da Segurança Social (ISS) funcionaram em 33 postos de evacuação nos diversos concelhos, nos quais foi prestado apoio social a 2.431 pessoas retiradas, tendo estado envolvidos 111 técnicos do instituto, em articulação com as autarquias e outros parceiros.
Foi simultaneamente disponibilizado um atendimento informativo pela Linha Nacional de Emergência Social, através do número 144, que de 16 a 18 de outubro atendeu mais 500 chamadas face ao que é normal.
De 17 a 31 de outubro as equipas da Segurança Social fizeram mais de 1.700 atendimentos, numa cobertura de 40 concelhos, e a partir de 16 de novembro nove unidades móveis iniciaram uma nova fase de atendimento especialmente direcionado aos concelhos mais afetados pelos incêndios num “atendimento porta a porta com circuitos que foram definidos e previamente divulgados” junto da população, disse Cláudia Joaquim.
“O levantamento que temos, juntando todos os atendimentos, incluindo o presencial, que durante este período foi reforçado em todos os concelhos que foram afetados, nós estimamos” cerca de 7400 atendimentos”, adiantou.
Segundo a secretária de Estado, estes atendimentos tiveram como finalidade identificar “todas as famílias ou todas as pessoas” que necessitavam ou necessitam de “apoio imediato”.
Até 31 de dezembro, foram atribuídos cerca de 63 mil euros em apoios imediatos para pagamentos de rendas, deslocações, produtos médicos, entre outras situações.
De acordo com Cláudia Joaquim, estes “subsídios eventuais” são atribuídos em “função da avaliação social e da necessidade de cada família ou de cada pessoa em concreto”.
“Podem ser desde pagamento de rendas para alojamento temporário de famílias que perderam as suas habitações, e que estão a ser recuperadas, até apoio para todas as despesas que seja necessário fazer perante uma situação de perda de rendimento”, explicou.
Relativamente aos agricultores, a governante disse que já foram pagos cerca 3,9 milhões de euros a 6 mil agricultores, que tiveram prejuízos até 1.053 euros, para reposição da agricultura de subsistência, e que ainda estão a ser analisados “alguns pedidos”.
Questionada sobre a reação da população ao apoio prestado pelas equipas no terreno, Cláudia Joaquim disse que sente que “tem havido reconhecimento da presença da Segurança Social”.
“É um reconhecimento que tem sido dado e manifestado. Os incêndios de Pedrógão [Grande] foram também um exemplo dessa presença e da preocupação que desde o primeiro dia a Segurança Social teve”, mas os recursos “serão sempre insuficientes”,
“É natural” que quando passarem os “períodos destas medidas extraordinárias, e perante situações desta dimensão”, “fique a perceção de que os recursos nunca são suficientes, mas tem havido um esforço muito grande incluindo por parte dos técnicos da Segurança Social que têm estado envolvidos durante estes meses, com muito esforço também pessoal, e é de reconhecer essa situação”, sublinhou.
Unidades móveis vão permanecer no terreno mais um mês e meio
O Governo decidiu prolongar por mais um mês e meio a presença de cinco unidades móveis em 13 concelhos de três distritos da região Centro afetados pelos incêndios de 15 outubro, para garantir o apoio a todos que necessitem.
“Continuará a haver [a partir de hoje] em 13 concelhos de três distritos um acompanhamento durante as próximas semanas por parte dos Espaços Cidadão Móvel, que contam com a presença de técnicos da Segurança Social, da Agricultura e da Justiça”, avançou à agência Lusa a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim.
Desde 16 de novembro, nove carrinhas percorreram 604 lugares ou aldeias de 18 concelhos e foram efetuados mais de 2.100 atendimentos individuais.
Cláudia Joaquim explicou que estas nove unidades móveis foram lançadas a 16 de novembro “numa perspetiva de dois meses” e que a sua continuação seria avaliada no final desse período.
“Da avaliação resulta uma necessidade de continuarmos durante pelo menos mais um mês e meio”, havendo depois “uma nova avaliação e uma reavaliação dos concelhos a abranger.
As cinco carrinhas irão percorrer 13 concelhos dos distritos de Coimbra, Guarda e Viseu, indo de porta a porta para sinalizar as necessidades sociais ou médicas das famílias e esclarecer a população, como tem sido feito nos últimos dois meses.
“A primeira preocupação é termos uma atitude pró-ativa e dirigirmo-nos a estas populações que possam estar a necessitar ou já necessitaram de apoio e sinalizar” as situações que “careçam de acompanhamento, que muitas vezes será longo”, explicou a governante.
O objetivo é dar prioridade a estas famílias na atribuição de apoios, que podem ser prestações sociais da Segurança Social que já existem ou os subsídios eventuais e as medidas extraordinárias que foram criados no âmbito destes incêndios.
As cinco unidades móveis são dotadas de sistemas informáticos que permitem dar início a processos relativos aos serviços disponibilizados por várias áreas de governação, como a Justiça, Segurança Social, Agricultura e Saúde.
Além de esclarecerem as famílias sobre as prestações ou apoios sociais a que têm direito, os técnicos dão informação sobre as ajudas disponíveis às empresas afetadas e agricultores, entre outros assuntos.
As nove carrinhas estiveram em 18 concelhos dos distritos de Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu, com cerca de 40 técnicos do Instituto da Segurança Social, do Instituto de Registos e Notariado e das Direções Regionais de Agricultura e Pescas do Centro e Norte.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho de 2017, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.
(Notícia corrigida às 10h49: corrigido o número de concelhos)
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