O chefe do governo, que se reivindica como independente e à frente de uma equipa de tecnocratas, culpou a classe política tradicional pelos fracassos do executivo e pela tragédia de 04 de agosto, quando 2.750 toneladas de nitrato de amónio armazenadas no porto da capital libanesa há nos provocaram a gigantesca explosão.

“Hoje anuncio a demissão deste governo”, disse Diab dirigindo-se aos libaneses num discurso transmitido pela televisão.

Criticou a “corrupção” que levou segundo ele “a este terramoto que atingiu o país, com todas as suas consequências humanitárias, sociais e económicas”.

“A catástrofe que atingiu os libaneses (…) aconteceu devido à corrupção endémica na política, na administração e no Estado”, disse o primeiro-ministro.

“Descobri que a corrupção institucionalizada era mais forte que o Estado”, adiantou Diab, um professor universitário que formou o seu governo em janeiro.

O governo foi negociado por um único campo político, o do movimento xiita Hezbollah e seus aliados, em particular o partido presidencial, o Movimento Patriótico Livre (CPL).

O gabinete teve uma reunião hoje à tarde, durante a qual a maioria dos seus membros se pronunciou a favor de uma demissão, tinha declarado à agência France-Presse Vartiné Ohanian, ministro da Juventude e Desporto.

Quatro ministros já se tinham apresentado a sua demissão desde domingo, devido à explosão que destruiu bairros inteiros de Beirute, deixou mais de 6.000 feridos e até 300.000 desalojados.

A demissão do governo, contudo, não deve satisfazer o movimento de contestação popular que pede a partida de toda a classe política.

Quando Diab iniciava o seu discurso, decorriam confrontos no centro da capital perto do parlamento, onde manifestantes lançavam pedras sobre as forças de segurança que respondiam com disparos de gás lacrimogéneo.

O governo Diab já tinha sido formado após a demissão do primeiro-ministro Saad Hariri sob pressão de uma revolta popular inédita no outono de 2019 contra uma classe política considerada corrupta e incompetente, quase inalterada há décadas.

*Artigo atualizado às 19h00