A iniciativa é promovida pela Fundação Rui Cunha, que acolhe o evento, o jornal Hoje Macau e a editora Livros do Meio, durante a qual serão lançados sete livros, cinco dos quais nunca tinham sido traduzidos antes do chinês para português.
“Acho que é até um pouco o nosso dever e obrigação da comunidade portuguesa de Macau encetar esse trabalho”, sustentou o diretor do jornal Hoje Macau e proprietário da editora.
“Este é um primeiro passo. E também quero mostrar à comunidade chinesa em Macau que a comunidade portuguesa se interessa pela sua cultura e que quer entender, que não estamos aqui para estarmos fechados na nossa própria bolha e que há pessoas que têm interesse em ir mais longe e em entender melhor o que passa do outro lado”, afirmou Carlos Morais José.
“Estes livros acho que ajudam muito, não só em extensão, como em profundidade, em compreender a mente chinesa. As pessoas vivem um bocado de ‘slogans’ e de lugares comuns”, explicou.
Afinal, acrescentou, “é muito importante no mundo contemporâneo compreender a China, que se tornou num dos parceiros mais importantes no mundo global”, até porque “existem muitos mal-entendidos em relação à China e à cultura chinesa”.
Pensamento, poesia, etnografia, estratégia militar e teoria da pintura são os temas abordados no lançamento dos livros durante a semana cultural durante cinco dias, pelas 18:30 (11:30 em Lisboa).
No dia de estreia, são apresentados dois livros do cânone confuciano: “Estudo Maior” (Da Xue) e a “Prática do Meio” (Zhongyong).
“O confucionismo é uma doutrina moral” com impacto em “um terço da humanidade: China Japão, Coreia, Vietname, de algum modo a Tailândia, o Laos, o Camboja, um pouco a Indonésia” e, por isso, “importante para compreender muitos dos comportamentos dos orientais e dos chineses em particular”, salientou Carlos Morais José.
Os livros a lançar nesta semana cultural, “explicam, talvez de uma forma que eu até hoje nunca vi em português, os conceitos do pensamento chinês, que é uma coisa difícil de apreender, na verdade”, concluiu.
Na terça-feira, é a vez de “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, um descendente de Sun Zi, o autor da famosa “Arte da Guerra”.
Um dia depois, o protagonista é “O Divino Panorama — Um Inferno Chinês”, um texto “que reúne influências do budismo, taoismo e confucionismo na construção de um mundo infernal onde as almas dos mortos se expurgam dos erros e pecados cometidos em vida”, destacou a organização.
Na quinta-feira, são dados a conhecer dois volumes de ensaios fundamentais sobre pintura clássica, do século VI ao século XVIII, para, finalmente, no último dia, se dar espaço à poesia, com o lançamento de a “Balada do Mundo”, de Li He, um poeta da dinastia Tang.
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