“Deixem-me agradecer o apoio das pessoas do Nevada. A coligação multigeracional e multirracial não só ganhou no Nevada, como também vai arrasar em todo o país”, exclamou Sanders, num comício em San Antonio (Texas), pouco depois de vários meios de comunicação social terem atribuído a vitória ao senador.
De acordo com os resultados de 23% das assembleias de voto, o senador, de 78 anos, obteve 46% dos votos, seguindo pelo ex-vice-Presidente norte-americano Joe Biden com 23% e o antigo autarca Pete Buttigieg com 13%.
O primeiro a felicitar Sanders pela vitória foi o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Parece que o Louco Bernie está a ir muito bem no grande estado do Nevada. Biden e os restantes parecem fracos e de nenhuma maneira Mini Mike [Bloomberg] pode relançar a sua campanha depois do pior debate na história dos debates presidenciais. Parabéns Bernie e não deixes que te tirem” a vitória, escreveu Trump na rede social Twitter.
De acordo com a televisão norte-americana MSNBC, 53% dos latinos residentes naquele estado votaram em Sanders, especialmente pelas iniciativas a nível da saúde, economia e migração.
Numa festa em Las Vegas, após a votação, Biden celebrou o segundo lugar: “Temos uma oportunidade incrível de voltar a liderar o mundo. Vamos ganhar!”.
Buttigieg felicitou Sanders, mas criticou a “revolução inflexível e ideológica” do senador. “O senador Sanders acredita numa revolução inflexível e ideológica que exclui a maioria dos democratas, sem mencionar a maioria dos norte-americanos”, afirmou.
As próximas primárias democratas vão realizar-se no estado da Carolina do Sul, em 29 de fevereiro.
A vitória de Bernie Sanders no Nevada é muito significativa, não só porque o estado é considerado uma espécie de indicador geral dado o seu peso nas primárias, mas também porque deixa evidente que o senador tem capacidade de estabelecer uma coligação que vai além dos eleitores mais à esquerda.
No sábado à noite, com os resultados oficiais a serem divulgados lentamente, Sanders não demorou a reivindicar vitória. No seu discurso, o senador reiterou as promessas de reforma no sistema de saúde, luta contra as mudanças climáticas, maior controlo da posse de armas e aumento do salário mínimo.
"O povo americano está farto de um governo baseado na ganância, corrupção e mentiras. Quer um governo baseado nos princípios de justiça", afirmou diante de uma multidão que gritava o seu nome.
Um dos seus adversários, Pete Buttigieg, felicitou-o pelo seu "bom desempenho", mas também destacou as divergências entre ambos. O ex-mayor declarou que o rival considera o capitalismo "a origem de todos os males". "Vai além de uma reforma e vai reorganizar a economia de uma forma que a maioria dos democratas - e os americanos - não apoiam", afirmou.
Empatado virtualmente com Sanders em Iowa e vencedor na semana passada em New Hampshire, Buttigieg está bem posicionado na corrida democrata enquanto as primárias seguem agora para a Carolina do Sul e depois para a "Super Terça", a 3 de março, dia em que 14 estados terão eleições primárias.
Com a disputa democrata em crescendo alguns candidatos como Klobuchar, Elisabeth Warren ou Tulsi Gabbard serão pressionados para decidir se continuam em campanha ou desistem.
Joe Biden, que vinha de resultados decepcionantes nos dois primeiros estados que organizaram as primárias, afirmou que se sentia "realmente bem" com o apoio obtido em Nevada. "Estamos vivos e estamos a regressar", disse o pré-candidato que já foi o favorito na disputa. "Agora vamos para a Carolina do Sul para vencer e vamos recuperar", completou.
Warren volta a atacar Bloomberg
O ex-mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, não participou nos caucus de sábado, pois decidiu concentrar a campanha na "Super Terça", na qual gastou mais de 438 milhões de dólares da sua fortuna.
Durante o debate dos candidatos democratas na quarta-feira, a senadora Elizabeth Warren criticou duramente Bloomberg, exigindo que revogue os acordos de confidencialidade assinados pela sua empresa com várias mulheres. Em resposta, a campanha de Bloomberg anunciou na sexta-feira que divulgaria os acordos de confidencialidade de três pessoas por casos relacionados com denúncias por comentários feitos no ambiente de trabalho.
Depois de tomar conhecimento dos resultados de Nevada, o chefe de campanha de Bloomberg, Kevin Sheekey, alertou os eleitores que "escolher um candidato que apela a uma pequena base eleitoral, como o senador Sanders, seria um erro fatal".
* Com AFP
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