"Esse é um mundo pequeno. A globalização tornou-nos a todos membros de uma mesma comunidade. A questão da língua é um fator de aproximação, agora existem questões económicas que muitas vezes acabam se sobrepondo à proximidade linguística", disse Sergio Moro, em entrevista à Lusa, em Lisboa, onde se deslocou para participar nas Conferências do Estoril.

Acrescentou que dentro da comunidade internacional, o Brasil normalmente tem uma tradição de procurar "relações cordiais com todos os países". Ainda assim, acrescentou, "temos o Mercosul, no âmbito da América Latina, que é uma comunidade económica extremamente relevante para o Brasil, ainda que tenha lá os seus problemas".

Quanto à CPLP, refere que é "um mundo pequeno para todos nós".

"O próprio Portugal insere-se na União Europeia", apontou o ministro que se escusou, porém, a tecer comentários sobre a posição do Brasil face ao acordo quadro sobre a mobilidade dentro da CPLP, que está a ser discutido desde segunda-feira, em Lisboa, por responsáveis de todos os Estados-membros daquela organização, remetendo qualquer declaração para o Ministério das Relações Exteriores.

Porém, lembrou que o Brasil, "tradicionalmente, é um país aberto a imigrantes" e referiu que "onde se tem visto maior resistência à imigração tem sido nos países europeus".

Na América Latina vive-se hoje "uma situação delicada", que envolve não só o Brasil mas também outros países da região, onde existe "um país que está em fragmentos, que é a Venezuela", sublinhou.

Sobre esta atuação, afirmou que o Brasil tem sido muito elogiado pela comunidade internacional pela forma como tem acolhido os venezuelanos que deixam o país vizinho, "inclusive por falta de liberdade".

Questionado sobre como o Brasil vê hoje o facto de a CPLP ter um Estado-membro, a Guiné Equatorial, que ainda não aboliu oficialmente a pena de morte, o antigo juiz comentou apenas que no seu país isso é vedado pela Constituição.

Porém, lembrou que existem países "reconhecidamente democráticos, como os Estados Unidos", que têm a pena de morte, neste caso em alguns estados.

"Não é algo assim absolutamente inconsistente. Então, o que é importante é descer aos detalhes. E, na comunidade internacional, nesses acordos e nesses tratados é necessário respeitar as diferenças culturais entre os países envolvidos", concluiu.