“Eu digo ao Presidente que essas notícias sobre uma eventual candidatura minha são intrigas. Ele sabe que eu não vou ser candidato. Primeiro por uma questão de dever, de lealdade. Como é que você entra no Governo e vai concorrer com o político que o convidou para participar no executivo?”, questionou Moro, numa entrevista publicada hoje pela revista Veja.
“Também não me vou filiar ao [partido] Podemos, nem vou ser candidato a vice. Não tenho perfil político-partidário. O meu candidato em 2022 é o Presidente Bolsonaro e pretendo fazer um bom trabalho como ministro até ao fim”, referiu ainda o ex-juiz e atual responsável pela pasta da Justiça.
Ao longo da entrevista, Moro comentou ainda as recentes polémicas que colocaram em causa a Lava Jato, maior operação contra a corrupção no país.
O atual ministro da Justiça e ex-juiz, Sergio Moro, assim como membros do grupo de trabalho da operação Lava Jato estão envolvidos num escândalo, conhecido como “Vaza Jato”, que começou em 09 de junho, quando o ‘site’ The Intercept Brasil e outros ‘media’ parceiros começaram a divulgar reportagens que colocam em causa a imparcialidade daquela operação.
Baseadas em informações obtidas de uma fonte que não foi identificada, e entregues ao jornalista norte-americano e fundador do The Intercept Brasil, Glenn Grennwald, estas reportagens apontam que Moro terá orientado os procuradores da Lava Jato, indicado linhas de investigação e adiantado decisões enquanto era juiz responsável por analisar os processos do caso em primeira instância.
Moro voltou a dizer que não há “ilegalidade” nessas mensagens, culpando a imprensa pelas proporções que o escândalo atingiu.
“No caso das mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil e por outros veículos, mesmo que elas fossem verídicas, não haveria nelas nenhuma ilegalidade. Onde está a contaminação de provas? Não há. É uma questão de narrativa. Houve, sim, exagero da imprensa. Esse episódio está todo sobredimensionado”, argumentou o governante à Veja.
Moro acrescentou ainda que “nada vai mudar o facto de que a Operação Lava Jato alterou o padrão de impunidade da grande corrupção. As pessoas sabem diferenciar o que é certo do que é errado”, disse.
O ex-juiz afirmou também ter sido vítima de teorias da conspiração e que nunca pensou em pedir demissão do cargo após a polémica.
“Toda a relação de trabalho tem os seus altos e baixos. A minha relação com o Presidente é muito boa, ótima. Nunca cheguei perto de pedir demissão. As pessoas inventam histórias. Sei que é mentira, o chefe de Estado sabe que é mentira. Não sei direito de onde essas intrigas saíram”, concluiu em entrevista à revista Veja.
Numa sondagem divulgada pelo Instituto Datafolha no início do mês passado, Moro surgia como o ministro mais popular do executivo liderado por Bolsonaro, chegando mesmo a ultrapassar os valores do mandatário.
Sergio Moro ficou conhecido por ter sido o juiz da Operação Lava Jato na primeira instância e o responsável por condenar dezenas de empresários, ex-funcionários da estatal petrolífera Petrobras e políticos, como o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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