A conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus conta hoje com a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.

Testes, números

  • Portugal regista uma taxa de incidência acumulada de há 14 dias de 240 casos ("ou mais") por 100 mil habitantes, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).
  • Os últimos dados são relativos à semana passada ("a quinta ou sexta-feira"), mas neste momento a taxa de testes positivos realizados é de 9,8% — que é superior ao início da utilização mais massiva de testes em Portugal. Graça Freitas sublinhou que "nunca se testou tanto" como agora.
  • "Nunca se testou tanto, e essa taxa é superior à que existiu inicialmente, desde que começámos a ter uma utilização mais maciça de testes", disse, sublinhando que esta taxa de positividade agrega pessoas com sintomas e sem sintomas, contactos próximos de doentes e testes feitos em rastreios.
  • Graça Freitas explicou que, numa fase muito inicial e quando se faziam poucos testes e apenas a pessoas fortemente suspeitas, os valores "eram bastantes elevados" devido ao número muito reduzido de testes. "À medida que fomos alargando o número de testes, esse número foi diminuindo e agora volta a estar elevado porque temos de facto muitos casos", sustentou.
  • A taxa de positividade dos testes de diagnóstico à covid-19 foi em agosto a mais baixa desde o início da pandemia, ao registar 2,8%.

Testes rápidos de antigénio

  • A DGS publicou hoje a Estratégia Nacional de Testes para SARS-CoV-2, que determina que em situações de surto em escolas, lares ou outras instituições devem ser utilizados preferencialmente testes rápidos de antigénio (TRAg) no sentido de aplicar "rapidamente as medidas adequadas de saúde pública".
  • A "principal razão" para utilização de TRAg são "as pessoas sintomáticas, nos primeiros cinco dias de sintomas" compatíveis com covid-19, disse, frisando que teve "o cuidado de dizer pessoas sintomáticas e não pessoas covid-19 positivo, porque só o teste é que dará o diagnóstico". A segunda indicação de TRAg "é menos generalista" e refere-se "a pessoas sem sintomas, mas em situações concretas, nomeadamente de surto, em que, de facto, a rapidez [na realização de testes e na obtenção de resultados] é muito importante". A "grande vantagem" dos testes rápidos "é exatamente a rapidez", já que "oferecem a quem está no terreno, aos médicos e às equipas de saúde, resultados rápidos, que permitem implementar mais precocemente medidas de saúde pública", frisou.
  • Os testes rápidos de antigénio "podem ainda usar-se numa terceira situação", ou seja, no "rastreio periódico de profissionais de saúde em contexto de maior risco de exposição".
  • Graça Freitas disse que "é bastante elevada a probabilidade" de um TRAg detetar um caso positivo de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, mas deixou claro que um teste rápido de antigénio com resultado negativo numa pessoa "com forte suspeição clínica de covid-19 não dispensa a realização de um teste molecular para confirmação". "Portanto, um teste de antigénio rápido negativo numa pessoa fortemente suspeita obriga [a] que [se] faça um teste PCR", sublinhou.
  • Segundo a diretora-geral da Saúde, "a utilização de testes rápidos vai permitir dois objetivos essenciais: reduzir e controlar ainda mais a transmissão [da covid-19] e prevenir e mitigar o impacto da doença no sistema de saúde, nos seus serviços e nas populações mais vulneráveis". Já a estratégia de utilização de TRAg "tem duas componentes essenciais", sendo que a primeira é introduzir testes rápidos, além do teste molecular, de PCR, usado desde o início da pandemia, e a segunda é definir em que contextos devem ser utilizados.
  • Também só agora "temos indicações internacionais que dizem que é seguro utilizar" testes rápidos de antigénio "sobretudo" em pessoas com "sintomatologia compatível" com covid-19 e "nos primeiros cinco dias de sintomas". Segundo a diretora-geral da Saúde, a nova norma relativa os testes rápidos de antigénio só norma produz efeitos a partir do dia 9 de novembro para "garantir que todos os intervenientes no processo, que são muitos e complexos, têm tempo de se ajustar às mudanças". Graças Freitas frisou que a estratégia da DGS, como órgão técnico-normativo do Ministério da Saúde, "continua coesa e é a mesma desde o início: testar, seguir, rastrear, isolar", à qual acrescentou "humanizar".
  • "Dir-me-ão porque é que tomamos esta decisão agora. Estes testes são o resultado da evolução do conhecimento. Já andamos há muito a falar sobre testes rápidos, mas só agora temos disponíveis no mercado testes rápidos com boa sensibilidade e especificidade. E também porque neste momento temos indicações internacionais que nos dizem que é seguro utilizar estes testes rápidos de antigénio sobretudo casos positivos e nos primeiros cinco dias de sintomas — para sintomatologia, não para positivos para o teste", frisou.

Fórmula 1 no Algarve

  • Graça Freitas consentiu que "houve coisas que correram bem e outras menos bem" no decorrer da prova de Fórmula 1, que regressou este fim de semana a Portimão, 24 anos depois da última vez que a competição marcou presença no país.
  • Um dos aspetos que salientou foi de que algumas pessoas em determinadas bancadas não cumpriram com "as normas impostas". Todavia, enfatizou que de um modo geral, "na maior parte das bancadas, o público estava com a distância necessária e usava máscara".
  • A diretora-geral da Saúde sublinha que a DGS não consegue impor ou obrigar as pessoas a obedecer às regras e que "a responsabilidade é dos cidadãos". E dá um caso concreto sobre o passado fim de semana: "Se num banco há um autocolante a dizer não se sente aqui era bom que não sentasse ali. Não é preciso um prego, uma corda, que impeça as pessoas de se sentarem. Aquele banco era para não se sentarem. Há uma corresponsabilidade de todos nós enquanto cidadãos, alguma da organização e alguma da DGS", acrescentou.
  • "A DGS faz recomendações, cabe aos cidadãos cumprir", deu conta.
  • Graça Freitas sublinhou que as autoridades aprenderam que se de facto quisermos ter mais controlo sobre os imponderáveis das pessoas teremos que ter menos gente nos eventos. "Aprendemos lições com toda a humildade e vontade de melhorar. Mas volto a dizer: não me parece que a situação tenha sido catastrófica. Na maior parte das bancadas cumpriram-se as regras e não penso que ali vá surgir algum acontecimento dramático", disse.

A situação na região do Norte

  • Questionada sobre a situação epidemiológica no região do Norte, Graça Freitas deu conta de que apesar de sermos um país pequeno, Portugal tem registado situações diferentes por região. "Temos diferentes culturas, temos diferentes movimentações sociais e sociodemográficas. A região Norte tem uma dinâmica de viver em convívio, sobretudo familiar, de amizade e proximidade, que leva a que de facto as pessoas [se encontrem]", salientou.
  • "Muitas vezes [esses encontros familiares] decorrem sem de facto se limitar o número de contactos, sem limitar a distância entre nós. E muitas vezes isto é acompanhado de refeições quando nem sequer temos uma barreira que nos proteja. [Por isso] percebe-se que a dinâmica na região Norte seja diferente das outras regiões e portanto mais propício à transmissão da doença", disse.

Perfil do doente da segunda vaga

  • Os doentes em relação à primeira vaga, Graça Freitas sublinho que atualmente o perfil atual dos doentes é difere. "Neste momento temos uma grande percentagem de doentes que são adultos jovens. Começamos sobretudo nos 20 anos e vamos até aos 49, 59 anos. É aqui que se mantém os novos casos", afirmou.
  • A diretora explicou também que há poucos casos "pediátricos". "As crianças muito pequenas tem apresentado taxas de incidências muito baixas em que proporcionalmente 4% dos casos da última semana [dia 19 a 25] eram dos 0-9 anos. É uma boa notícia porque nos permite encarar para as creches e jardins infantis porque neste grupo a doença não se propaga tão facilmente ou nada assim o indica".
  • Posteriormente, dos 10 aos 19 anos, existe uma maior percentagem, mas que ainda é da ordem dos 9%.
  • Questionada sobre a morte no domingo de um jovem entre os 20 e os 29 anos com covid-19, Graça Freitas explicou que a vítima tinha morbilidade na origem e era uma pessoa doente. "Esta doença não é nem tão benigna como alguns gostavam, mas também não é tão dramática como às vezes se poderá pensar. As pessoas mais novas podem ter sintomas, podem sentir-se doentes e sentir-se mal durante algum tempo, felizmente têm uma taxa de letalidade bastante baixa, ou seja, em relação a todas as pessoas que adoecem numa faixa etária se forem mais novos a probabilidade de morrer é bastante menor", frisou.