Em comunicado, o sindicato critica o discurso do primeiro-ministro, António Costa, e lamenta o que classifica de jogos políticos, com fins eleitorais.
“Os professores não são irresponsáveis, tal como os outros portugueses não o são e lamentamos que o senhor primeiro-ministro use essas palavras para descrever a legítima ambição de ver a sua carreira progredir de acordo com o serviço efetivamente prestado”, lê-se no documento emitido pelo SIPE esta tarde.
O sindicato garante que vai continuar a trabalhar em prol da valorização da carreira dos professores, “sem intransigências e sem jogos políticos”, afirmando-se independente de “partidos e interesses”.
Também a líder da Frente Comum, Ana Avoila, disse hoje que o primeiro-ministro “não ganhou a guerra” na questão dos professores e das outras carreiras especiais, ameaçando “lutar até ao fim” pelas reivindicações dos trabalhadores.
O primeiro-ministro afastou hoje o cenário da ameaça de demissão do Governo, considerando que constituiu uma vitória da responsabilidade a reprovação do diploma que pretendia contabilizar a totalidade do tempo de serviço dos professores.
"Foi um resultado clarificador e uma vitória da responsabilidade", declarou o líder do executivo.
Na semana passada, numa declaração ao país, o primeiro-ministro anunciou que o Governo se demitiria, caso a Assembleia da República aprovasse em votação final global o texto saído da comissão parlamentar de Educação, prevendo o princípio de que os professores recuperariam nove anos, quatro meses e dois dias do tempo de serviço alvo de congelamento entre 2011 e 2017.
O executivo socialista estimou que a medida teria um impacto na ordem dos 800 milhões de euros em ano cruzeiro de aplicação, número que os sindicatos contestam.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, citou hoje o fundador do Partido Socialista Mário Soares para dizer ao PS e ao Governo que “só é vencido quem desiste de lutar”, prometendo que os professores vão continuar a luta.
À saída da Assembleia da República, onde nas galerias do hemiciclo assistiram à votação que ditou o chumbo do texto final da apreciação parlamentar do diploma sobre o tempo de serviço e que inviabilizou a recuperação dos mais de nove anos reivindicados, os líderes sindicais dos professores e outros dirigentes juntaram-se e num breve protesto deram o tom para o que ainda pode estar para vir.
PSD, PS e CDS-PP reprovaram hoje, em votação final global, o texto proveniente da Comissão de Educação para a reposição integral do tempo de serviço dos professores, que teve o apoio do Bloco, PCP e PEV.
O parlamento rejeitou também, em plenário, todas as normas propostas por PSD e CDS-PP que introduziam condicionantes financeiras à devolução integral do tempo de serviço dos professores.
Comentários