“Os constrangimentos já se verificavam mesmo antes da greve. Aliás, o maior pico de chamadas que se verificou na semana passada foi na segunda-feira e nós ainda não estávamos em greve”, adiantou à Lusa o presidente do STEPH, no dia em que o INEM anunciou várias medidas para melhorar a sua resposta.

O instituto alegou que a falta de técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH), “exacerbada agora pela greve” dos trabalhadores desta categoria profissional às horas extraordinárias, sem fim previsto, tem “pontualmente condicionado o nível de resposta” do INEM.

Perante isso, avançou com medidas para otimizar o funcionamento dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), como a implementação de uma triagem de emergência para chamadas com espera de três ou mais minutos.

Além disso, a curto prazo, o INEM pretende integrar enfermeiros nos CODU para realização de determinadas funções, rever os procedimentos relativos à passagem de dados das equipas de emergência no terreno, assim como os fluxos de triagem do CODU e do SNS24 para transferência de chamadas entre estes serviços.

Questionado se estas medidas vão resolver os constrangimentos no instituto, o presidente do STEPH respondeu que de “certeza absoluta que não”, mas algumas poderão mitigar algumas das dificuldades sentidas.

Rui Lázaro referiu que algumas das medidas foram propostas pelo sindicato ao presidente do INEM e ao Ministério da Saúde, como o aproveitamento dos técnicos que estão em serviço administrativo não essenciais à emergência médica para colocá-los nos postos de atendimento dos CODU ou nos meios de emergência.

Quanto ao fluxo rápido para atendimento de chamadas com tempo de espera superior a três minutos, o dirigente sindical adiantou que tem “muitas dúvidas” como será operacionalizado e quem vai atender essas chamadas.

Já em relação à integração de enfermeiros nos CODU, Rui Lázaro afirmou que a medida parece “de todo excessiva”.

“Parece-nos estranho que o Governo não tenha verba para valorizar os salários dos profissionais que é de 920 euros, mas tenha verba para colocar lá profissionais a ganhar 1.600 euros”, referiu.

O presidente do STEPH referiu ainda que a falta de técnicos é um problema que persiste há vários anos e que se tem agravado “nos últimos tempos com uma taxa de abandono da profissão elevadíssima”, superior aos 40%.

“Vai se agravar cada vez mais a não ser que sejam tomadas medidas para tornar a carreira atrativa para fixar os atuais técnicos e atrair novos”, defendeu Rui Lázaro.

Desde quarta-feira que os TEPH estão em greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, uma situação que está a criar vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.

Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112. Hoje o Governo manifestou abertura em dialogar com os técnicos do INEM.