"Tivemos hoje conhecimento de que doentes das especialidades cirúrgicas do CHUCB estão a ser distribuídos por outros serviços do hospital, ora, isto na prática, não passa de um encerramento encapotado", afirmou em declarações à agência Lusa, Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

Esta responsável especificou que a denominada "reorganização" afeta as especialidades de oftalmologia, urologia e reumatologia.

Contactado pela Lusa, o presidente do conselho de administração do CHUCB, João Casteleiro, garantiu que não existe qualquer encerramento encapotado, mas sim uma "concentração de doentes" que visa promover "uma gestão adequada dos recursos", durante o período de verão.

"É absolutamente falso que tenhamos algum encerramento encapotado. O que estamos a fazer é gerir bem os recursos implementando uma medida que é seguida na Europa. Assim, tendo em conta que neste período de Verão temos necessariamente profissionais de férias e tendo também em consideração que a taxa de ocupação e a procura são mais reduzidas, optamos por concentrar os doentes num serviço, sem que a resposta seja posta em causa".

Salientando que "não faria sentido ter enfermarias abertas apenas com três ou quatro doentes", João Casteleiro também sublinhou que "todos os serviços estão garantidos" e que "se for necessário serão abertas mais camas, sem qualquer problema".

Já Guadalupe Simões considerou que as referidas alterações mostram que o SEP tinha razão quando, por mais do que uma vez, alertou para "a situação caótica que se vive no hospital, pela ausência de autorização para contratar profissionais".

"Neste hospital, desde o início do ano até ao passado mês de junho saíram 31 profissionais de saúde, entre os quais enfermeiros. São 31 profissionais que não foram substituídos e isso, naturalmente, que tem de trazer consequências e elas estão à vista", apontou.

Lembrando ainda que esta unidade de saúde do distrito de Castelo Branco foi há poucos dias classificada como centro hospitalar universitário, a sindicalista considerou que "é inacreditável que em vez de se reforçarem os serviços, se opte por reduzi-los".

Na terça-feira, esta estrutura sindical já tinha anunciado a realização de uma greve no CHUCB, que foi marcada para dia 22 de agosto.

Para o mesmo dia, será ainda solicitada uma reunião aos presidentes das Câmaras da Covilhã e Fundão, os dois municípios cujos hospitais estão integrados no CHUCB.