"Viemos reportar um agravamento das condições de trabalho dos enfermeiros que decorre, na nossa perspetiva, de alguma inércia do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM). Um levantamento recente do sindicato demonstra que estão em dívida aos enfermeiros cerca de 27.000 horas de trabalho já efetuado", referiu à Lusa, a dirigente nacional do SEP, Guadalupe Simões.

Aquela responsável, que falava hoje, no final de uma reunião com o diretor local da ACT, adiantou que "a carência de enfermeiros determina, por exemplo, que, em alguns serviços, de medicina não existam, neste momento, condições para elaborar os horários com o número de enfermeiros necessários.

"Esta situação obriga a que os enfermeiros tenham que fazer turnos seguidos no sentido de garantir a prestação de cuidados aos utentes. Temos o caso de um enfermeiro a quem estão a dever cerca 400 horas", frisou.

Questionado pela Lusa, o diretor da delegação da ACT do Alto Minho, Joaquim Silva, disse que vai iniciar um processo inspetivo "para acompanhamento do caso".

"Procuraremos ver o que é possível fazer para resolver esta situação que se prende essencialmente com a organização dos tempos de trabalho", afirmou.

A Lusa contactou a ULSAM mas sem sucesso.

A dirigente nacional do SEP referiu ter "reportado" à ACT "o agravamento do número de horas em dívida, a dificuldade em organizar horários por carência de enfermeiros e o não cumprimento de regulamento de horários na ULSAM, adiantando ter "solicitado um processo inspetivo junto do hospital".

A sindicalista adiantou que "a ULSAM terá, atualmente, cerca de 900 enfermeiros", e disse que "um estudo do SP feito há dois anos apontava para a necessidade de contratação de mais 300 daqueles profissionais".

A ULSAM integra os hospitais de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima, além de 13 centros de saúde, uma unidade de saúde pública e duas de convalescença, servindo uma população residente superior a 250 mil pessoas.

De acordo com números da ULSAM, revelados em janeiro à Lusa, trabalham naquela estrutura mais de 2.500 profissionais, entre eles, 501 médicos e 892 enfermeiros.

Guadalupe Simões avançou "não estar colocada fora de hipótese a realização de uma greve às horas que não estão contratualizadas", adiantando que a convocação do protesto "depende da disponibilidade da administração da ULSAM em resolver o problema".

"No início de abril solicitámos uma reunião à administração da ULSAM mas ainda não obtivemos resposta", reforçou.