"Será uma greve nacional de quatro dias, a concretizar na quarta semana de janeiro, de forma desconcentrada no âmbito regional das ARS [Administrações Regionais de Saúde] e em todos os dias haverá expressão de rua", disse aos jornalistas José Carlos Martins, presidente do SEP.

A greve será convocada para exigir que o Governo "emita orientações para a justa contagem dos pontos para efeitos de progressão e pague o suplemento [remuneratório] a todos os enfermeiros especialistas", adiantou o dirigente do SEP.

Em declarações à margem de uma reunião que hoje juntou, em Coimbra, cerca de uma centena de dirigentes e delegados sindicais, José Carlos Martins avisou que "para uma negociação séria das questões da carreira é determinante que estas questões estejam resolvidas e intolerável que o Governo não resolva".

A Comissão Negociadora Sindical dos Enfermeiros (CNESE), composta pelo SEP e pelo Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM), já tinha rompido negociações com o Governo na terça-feira.

O SEP não tem relação com a greve cirúrgica que decorre desde 22 de novembro e se prolonga até ao final do ano, afetando as cirurgias programadas nos blocos operatórios de cinco dos principais hospitais do país.

Na terça-feira, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros (FENSE) cancelou, por sua vez, uma greve marcada para os dias 26, 27 e 28 de dezembro.

Sobre a reunião com todas as estruturas representantes dos enfermeiros convocada pelo ministério da Saúde para sexta-feira, José Carlos Martins confirmou que o SEP vai marcar presença, mas avisou que não basta ao Governo manifestar-se preocupado "com a situação e com a saúde dos portugueses".

"Aquilo que são as propostas [do Governo] para as justas reivindicações dos enfermeiros, estão abaixo daquilo que os sindicatos consideram suficiente. Nós não estamos a pedir nada de exagerado, queremos condições de trabalho justas, ou seja, mais enfermeiros, e que seja considerado o percurso profissional, como o foi no conjunto das carreiras da administração pública, é só isso que queremos, não queremos nem mais nem menos", argumentou José Carlos Martins.

"Estaremos presente na reunião, mas não é suficiente que a senhora ministra da Saúde e quem estiver da parte do Governo que continue a manifestar preocupação. O que é exigível são as propostas concretas, as medidas para pagar o suplemento remuneratório a todos os enfermeiros especialistas e as concretas orientações sobre o descongelamento de escalões para que de facto se avance, depois, no processo negocial da carreira", reafirmou o dirigente do SEP.