“Um avião de combate atacou posições militares das Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelos curdos), na localidade de Saida, nos arredores de Ain Issa”, precisou esta ONG sediada em Londres e que possui uma extensa rede de contactos no interior da Síria.
“Foram os primeiros raides aéreos desde a operação ‘Nascente da paz’ lançada em outubro de 2019 por Ancara e os grupos sírios aliados contra as FDS no norte da Síria”, indicou à agência noticiosa AFP o diretor da OSDH, Rami Abdel Rahmane.
A operação, interrompida após dois acordos negociados por Ancara com Washington e, de seguida, com Moscovo, permitiu à Turquia controlar uma zona fronteiriça de 120 quilómetros de comprimento em território sírio e 30 quilómetros de profundidade.
No entanto, a cidade de Ain Issa e arredores permaneceram sob controlo das forças curdas.
Estas incursões aéreas ocorrem em simultâneo com intensos combates em redor desta localidade estratégica, segundo a OSDH.
“Os confrontos prosseguem entre os dois campos desde há 24 horas (…) as forças turcas estão com dificuldades em progredir enquanto as FDS conseguiram destruir um tanque turco”, indicou à AFP Abdel Rahmane.
As Unidades de Proteção Popular (YPG), integradas nas FDS, são consideradas por Ancara como a extensão síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda implantada no sudeste da Turquia – região com maioria de população curda – e definido como “terrorista” por Ancara e os seus aliados ocidentais.
Esta milícia curda síria esteve na frente do combate contra o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI) no norte do país, junto à fronteira com a Turquia e, de início, contou com o apoio da coligação internacional “anti-jihadista”, impulsionada pelos Estados Unidos.
Com o objetivo de travar a expansão territorial das YPG no norte da Síria, Ancara desencadeou a partir de 2016 três ofensivas militares dirigidas em simultâneo contra o EI e os combatentes curdos, enquanto os Estados Unidos se retiravam praticamente de cena.
Estas operações permitiram aos turcos controlar um território de mais de 2.000 quilómetros quadrados no norte da Síria, designadamente na região de Afrine, um dos três cantões da Rojava, a região federal autónoma curda proclamada em 2016.
O conflito na Síria, iniciado em 2011 após a repressão de manifestações populares pelo regime de Damasco, complicou-se ao longo dos anos com o envolvimento de diversos atores regionais e internacionais.
A guerra provocou mais de 380.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.
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