O noroeste da Síria é o último grande reduto das forças rebeldes ao regime do Presidente Bashar al-Assad.

A violência nas províncias vizinhas de Idlib e Aleppo obrigou 689.000 pessoas a fugirem, disse o porta-voz da unidade das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), David Swanson.

Os refugiados fogem sobretudo do sul da província de Idlib e do oeste de Alepo, fazendo crescer o número de deslocados internos em campos provisórios e inseguros, refere a ONU.

A Ocha já tinha avisado que a Síria tem também sido afetada por uma crise económica, com a moeda nacional, a libra síria, em acentuada desvalorização, em parte por causa da fragilidade económica também vivida no “vizinho” Líbano.

“A desvalorização da libra síria está a aumentar os preços e a impossibilidade de acesso a bens e a serviços essenciais no noroeste da Síria, acentuando a grave situação e a dependência da assistência humanitária”, acrescentou a agência.

Desde abril de 2019, as forças do regime sírio liderado pelo Presidente Bashar al-Assad, com o apoio da Rússia (o seu aliado tradicional), têm conduzido e intensificado ataques nesta zona (província de Idlib e arredores), encarada como o último bastião opositor (forças insurgentes e ‘jihadistas’) no território sírio.

Após um cessar-fogo unilateral iniciado em agosto último, as forças leais a Bashar al-Assad retomaram, em 19 de dezembro, as ações militares nesta província.

A 15 de janeiro foi decretado outro cessar-fogo, mas este seria rompido apenas três dias depois, segundo o relato do Observatório Sírio de Direitos Humanos, que acrescentou que as hostilidades se têm repetido de forma contínua no oeste de Alepo e no sul de Idlib, provocando a morte de dezenas de civis.

O exército sírio, com o apoio russo, conquistou, entretanto, a cidade estratégica de Maarat al Numan, a segunda mais importante da província de Idlib, consolidando o avanço das forças governamentais sírias em direção ao norte da província.

A região de Idlib e do oeste de Alepo é praticamente controlado pelo Organismo de Libertação do Levante, uma aliança que integra o grupo ‘jihadista’ Hayat Tahrir al-Sham (HTS, grupo controlado pelo ex-braço sírio da Al-Qaida).

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos ‘jihadistas’, e várias frentes de combate.

Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, quase 400 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.