“Vale a pena observar que o Presidente [Joe Biden] parece ter fugido com mais documentos confidenciais que muitos denunciados. Em termos de comparação, a Reality Winner (tradutora da NSA, Agência de Segurança Nacional norte-americana) foi condenada a cinco anos [de prisão] por um só documento”, escreveu Snowden, que também foi analista da NSA, na rede social Twitter.
Winner cumpriu mais de quatro anos de prisão por fazer chegar à imprensa um relatório secreto sobre a ingerência russa nas eleições presidenciais de 2016, ganhas por Donald Trump.
“Ao passo que tanto Biden como [Donald] Trump, [Bill] Clinton, [David] Petraeus… estes tipos têm dezenas, centenas [de documentos secretos]. E não estão na prisão”, acrescentou Snowden, a quem foi dado em 2013 asilo político na Rússia, depois de fugir dos Estados Unidos.
Snowden, ex-analista da Agência Central de Informações (CIA) que revelou pormenores de programas de espionagem norte-americanos, referiu-se à descoberta por membros da equipa jurídica de Biden de novos documentos secretos num escritório utilizado pelo governante logo depois dos seus mandatos como vice-presidente do chefe de Estado Barack Obama (2009-2017).
“O verdadeiro escândalo não é que Biden tivesse documentos secretos (…), porque lamentavelmente todos tinham, mas que o Departamento de Justiça tenha tomado conhecimento uma semana antes das eleições intercalares e tenha optado por suprimir a informação, causando uma vantagem partidária”, acrescentou Snowden, a quem no ano passado foi atribuída a nacionalidade russa.
O Departamento de Justiça sabia desde o início de novembro, mas só dois dias depois das eleições intercalares é que confirmou estar a investigar a descoberta de documentos confidenciais do Governo Obama noutro gabinete utilizado por Biden antes da sua campanha presidencial, em 2020.
A Casa Branca assegurou na segunda-feira que está a colaborar com a investigação, e o próprio Biden reconheceu na terça-feira que não sabe de que documentos se trata, nem da razão pela qual estavam naquele escritório.
Embora as semelhanças sejam poucas, o caso recorda o que levou o FBI (polícia federal norte-americana) a realizar buscas na residência do ex-presidente Donald Trump (2017-2021) em Mar-a-Lago, no estado da Florida, em agosto passado.
Ao contrário do que aconteceu com os documentos de Biden, que foram entregues às autoridades pela própria equipa jurídica do governante, em Mar-a-Lago foi necessária a intervenção do Departamento de Justiça para recuperar os papéis confidenciais.
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