Os três autocarros foram crivados de balas, segundo testemunhas, com disparos a partir de uma colina, pouco depois das 07:00 (06:00 em Lisboa) quando circulavam 30 quilómetros a norte de Inchope, o principal cruzamento rodoviário do centro de Moçambique.

A ocorrência foi registada na zona de Matenga, distrito de Nhamatanda, junto à estrada nacional N1.

“Foi algo rápido. Só vimos o carro a ser regado de balas numa mata”, disse à Lusa o condutor de um dos autocarros, segundo o qual “uma senhora morreu e outras três pessoas ficaram feridas”.

Dois autocarros da empresa Nagi Investiment faziam a ligação Beira-Quelimane e Chimoio-Nampula, enquanto o terceiro veículo da forma City Link fazia o troço Beira-Nampula.

Um vídeo posto a circular nas redes sociais mostra um autocarro da Nagi Investiment com vários vidros laterais partidos e perfurações de balas, estacionado no domingo, no passeio do hospital rural de Gorongosa.

Na porta do autocarro, um enfermeiro e dois auxiliares de medicina ajudam a colocar na maca um passageiro ferido, que é retirado do autocarro.

Num outro vídeo, três passageiros são colocados num automóvel de caixa aberta, aparentemente depois de receberem primeiros-socorros, para serem transferidos do hospital rural de Gorongosa para o hospital provincial de Chimoio, a capital da província de Manica.

Carmen Juliasse viajava no autocarro ao lado de uma passageira que ficou ferida. Descreveu um ambiente de desespero dos passageiros e disse que o condutor teve "coragem" por não ter parado a viatura.

“Já passava das 07:00 quando fomos atacados. Aquilo foi triste, as pessoas choravam desesperadas e sem certeza do que ia acontecer a seguir porque estávamos no mato”, disse Carmen Juliasse à Lusa.

À Lusa, uma fonte médica no hospital provincial de Chimoio confirmou na noite de domingo a entrada de três pacientes em estado grave por “ferimentos de balas”.

O ataque aos três autocarros acontece depois de um longo interregno nos ataques no troço entre Inchope e Gorongosa, uma das zonas afetadas por incursões armadas atribuídas pelas autoridades à autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), liderada por Mariano Nhongo.

Os ataques já provocaram a morte de, pelo menos, 24 pessoas desde agosto em estradas e povoações daquelas duas províncias do centro de Moçambique.

Pela região deambulam guerrilheiros dissidentes da Renamo, liderados por Mariano Nhongo, acusado pelas autoridades de ser responsável pelos ataques, mas que apenas assumiu algumas ações.

O grupo tem ameaçado recorrer à violência armada para negociar melhores condições de reintegração social do que as acordadas pelo seu partido com o Governo.

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