“O apagão foi um fenómeno de uma dimensão muito grande. Tem que se perceber as causas, tem que se aprender e temos que tirar lições para o futuro”, defendeu Gouveia e Melo, em declarações aos jornalistas no início da visita que realiza hoje à feira agropecuária Ovibeja, na cidade alentejana de Beja.

Questionado sobre o apagão que afetou Portugal na segunda-feira, durante cerca de 10 horas, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada admitiu que, “de facto, não foi uma coisa agradável” para qualquer português, mas “poderia ter sido uma coisa mais complicada”.

“Felizmente, as autoridades e as entidades envolvidas conseguiram, em tempo, recuperar, em cerca de 10 horas, a energia em Portugal”, disse.

Acompanhado por uma comitiva que, entre outras pessoas, integra personalidades políticas do Baixo Alentejo, da esquerda à direita, como um ex-governador civil de Beja pelo PSD ou um antigo presidente de câmara eleito pela CDU e figuras desses ou outros partidos, Gouveia e Melo realçou que, quando um fenómeno como estes acontece, merece uma reflexão aprofundada.

“Todos nós devemos pensar no que isto significa e tirar as conclusões e, depois, resolver para o futuro, porque ninguém quer que uma coisa destas possa acontecer outra vez”, frisou.

Questionado sobre se foi uma situação que ameaçou a segurança e defesa do país, o almirante realçou que, para isso, teriam de existir outros fatores: “Ameaça se houver, no momento, outras coisas a concorrerem que possam afetar a segurança e a defesa do país”.

Mas, ainda assim, “é uma fragilidade e todas as fragilidades são perigosas”, admitiu.

“Os hospitais não funcionaram como deviam ter funcionado, porque ficam imediatamente afetados, as pessoas estavam muito preocupadas, as comunicações falharam, portanto, houve um conjunto de coisas que nos faz refletir e que tem que nos fazer refletir”, argumentou.

Apesar de tudo aparentar ter sido “um evento não provocado”, é preciso “dar tempo para se fazer as investigações” e tirar as respetivas “conclusões para depois fazer a aprendizagem, integrar em planos e em soluções de mitigação de uma coisa destas no futuro”, acrescentou.

O almirante Gouveia e Melo disse aos jornalistas ter vindo à Ovibeja na qualidade de cidadão, a convite de gente que o apoia, e, à pergunta sobre se é candidato presidencial, retorquiu que a sua “resposta [ia] ser a mesma” que tem dado.

“Estamos, neste momento, no centro ou no fulcro da preparação para as eleições legislativas” e o que importa agora “é escolher um governo”, porque “o resto há muito tempo a pensar”.

Sobre o Dia do Trabalhador, que se assinala hoje, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada opinou que todos os portugueses são trabalhadores e devem ser “bem remunerados”.

“Eu acho que a grande luta que Portugal tem que fazer no futuro próximo é a prosperidade”, porque “a democracia entregou-nos a liberdade, a segurança, falta, se calhar, aprofundar a equidade e aprofundar a prosperidade”, argumentou.