“Para os animais serem todos adotados, o processo leva pelo menos um ano. Só pedimos ao Governo que nos deixe tomar conta do canídromo durante este período”, garantiu o presidente Albano Martins, que recebeu 2.000 formulários de pedidos de adoção.
Destes documentos, 650 foram assinados “um a um” e serão entregues, na quinta-feira, ao Instituto de Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), avançou o responsável em conferência de imprensa. Um meio para pressionar a entidade governamental sobre o prazo de saída dos galgos do canídromo, previsto para meados de julho.
No início do mês, também a Companhia de Galgos de Macau solicitou ao IACM a permanência no canídromo por mais um ano, recorrendo à dificuldade em realojar os animais num curto espaço de tempo. Uma proposta chumbada de imediato pelo instituto, já que a concessionária sabia “há mais de dois anos que teriam de abandonar o local em julho”, declarou, na altura, o presidente do IACM, José Tavares.
Para Albano Martins, “a adoção e o realojamento exigem muito tempo”, e apesar de existirem muitos pedidos, nunca o processo demorará menos de um ano. Durante este período, a Anima voluntaria-se a tomar conta do espaço e dos processos de adoção. “Ou toma conta a Anima, ou o canídromo, ou o Governo. Em qualquer dos casos, vai levar um ano”, defendeu.
O presidente garantiu que duas organizações estão disponíveis para ajudar nos processos de adoção: uma italiana – que ficará responsável pelos processos na Europa – e uma inglesa/norte-americana, que irá assegurar o processo nos EUA. A Anima responsabiliza-se pela Ásia e Austrália.
“Nós facilitamos este ‘networking’ para auxiliar a maior parte dos animais que, na nossa opinião, só podem ser adotados fora de Macau. A prioridade é Macau, depois Hong Kong, mas nós temos, por experiência, a noção que não é fácil”.
“Acreditamos que o resto tem de ser feito fora em vez de os matarem, se podemos dar uma saída para estes animais, porque é que os vão matar?”, questionou.
Albano Martins reiterou o perigo destes animais serem exportados para o interior da China, um país onde “há corridas e apostas ilegais”. No entanto, aqui nasce a sua maior esperança: o perigo iminente destas ocorrências pode exortar as autoridades chinesas a dificultar a exportação destes animais.
Questionado sobre o papel do Governo de Macau neste caso, o responsável acusou o executivo de ter sido “fraco” e “nunca ter dado resposta” aos seus apelos.
No ano passado, a Sociedade Protetora dos Animais de Macau (Anima) lançou uma petição internacional para conseguir que cerca de 650 galgos do canídromo fossem adotados. Desde então, 50 instituições internacionais manifestaram-se, garantindo apoiar no plano de resgate ou comprometendo-se a encontrar casas adequadas para os cães.
Em 2016, o Governo de Macau deu dois anos ao canídromo da cidade para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para encerrar a pista, considerada por organizações internacionais “a pior” do mundo.
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