“O baixo desempenho do setor do petróleo continua a ser um problema para a economia, com a produção petrolífera em baixa, investimento abaixo do potencial e condições de operação desafiantes, apesar dos preços do petróleo estarem mais favoráveis desde o princípio do ano”, escrevem os analistas.
No mais recente relatório sobre as economias da África subsaariana, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas deste banco, um dos maiores a operar no continente africano, escrevem que, “por isso, a previsão de crescimento da economia foi revista em baixa para este ano, de um crescimento de 1,2% para uma contração de 0,9%”.
Para 2019, os analistas esperam um crescimento de 2,4%, divergindo das mais recentes previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que esta semana estimou uma ligeira recessão de 0,1% este ano e um crescimento de 3,1% em 2019.
“Do ponto de vista da procura, vemos a despesa privada e as exportações a contribuírem para levantar a economia angolana da recessão no próximo ano, num contexto em que a inflação continua a cair e a liquidez de moeda estrangeira melhora, apoiada pelos preços mais altos do petróleo e pelas reformas que podem encorajar o investimento do setor privado”, argumentam os analistas.
A negociação de um acordo com o FMI, que o ministro das Finanças disse à Lusa durante os Encontros Anuais do FMI e Banco Mundial que deverá estar concluída até final do ano, “é encarada como um desenvolvimento importante para ajudar a acelerar as reformas estruturais e melhorar o sentimento dos investidores”.
Para o Standard Bank, houve duas grandes reformas este ano com o potencial de estimular o investimento: a aprovação da nova lei de investimento privado e a criação da Agência Nacional do Petróleo e Gás.
No que diz respeito à evolução da produção de petróleo, a principal fonte de receita para Angola, os analistas estimam que Angola vá bombear 1,54 milhões de barris por dia, o que representa uma redução de 5,5% face aos níveis de 2017, ano em que Angola produziu 1,63 milhões de barris diários.
“As estimativas preliminares mostram que a melhoria dos preços contribuiu para um aumento de 21% nas receitas de exportação no ano passado, para 31 mil milhões de dólares, e estimamos que este número suba 30% este ano, para 40 mil milhões de dólares, o que representa 96% do total das exportações”, vincam os analistas do Standard Bank.
O Governo deverá apostar numa melhoria do défice orçamental deste ano, de 5,3% em 2017 para 3% este ano, “o que é consistente com a necessidade de restabelecer a estabilidade macroeconómica”.
O Standard Bank antecipa um empenho do Governo no aumento da cobrança de impostos, “alargando a base e introduzindo novos impostos, como é o caso da implementação faseada do IVA a partir de 2019″.
Em 2018, concluem, o foco do Governo esteve na contenção do crescimento da despesa e na redução do custo da dívida, “trocando o perfil de pagamento da dívida doméstico, apostando em renegociar para ter maturidades mais longas”, dizem, lembrando que no Orçamento estipulava que o serviço da dívida levaria 116,3% das receita fiscal e 21,9% do PIB, “o que é elevado”.
O acordo de financiamento de 4,5 mil milhões de dólares por parte do FMI “deve ajudar a implementar as necessárias reformas, já que mais consolidação orçamental é imperativa para a estabilidade macroeconómica”, concluem os economistas do Standard Bank.
Comentários