Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia que assinalou o arranque da produção de veículos totalmente elétricos na unidade de Mangualde, quando questionado sobre o pacote de medidas de impulso à economia que o Governo deverá anunciar quinta-feira, Carlos Tavares pediu “ajudas para o consumidor final” e que “favoreçam o desenvolvimento dos veículos elétricos”.

“Há dois tipos de ajuda: um é diretamente ao consumidor final e outro são infraestruturas de carregamento de baterias”, explicou.

No entender do responsável do grupo automóvel, se as infraestruturas de carregamento de baterias “forem visíveis e de um nível de densidade elevado vão permitir que os carros tenham baterias mais pequenas, com uma autonomia mais pequena”.

“Cada um de nós vai estar tranquilizado pela visibilidade dos postos de carregamento e, portanto, já não está com aquela ansiedade de precisar de 600 quilómetros de autonomia. Pode ter uma bateria mais pequena e se, a bateria for mais pequena, o carro é mais barato”, frisou.

O presidente executivo da Stellantis pediu ao Governo que ajude as classes médias a comprarem veículos elétricos, referindo que “já se viu pela Europa fora que as ajudas andam entre cinco e sete mil euros por automóvel”, o que “faz um buraco enorme nos orçamentos de Estado”.

“E logo que essas ajudas param, a procura desaparece”, acrescentou.

Neste âmbito, se tivesse que dar uma recomendação ao Governo, seria: “podem utilizar o PRR para acelerar o desenvolvimento da rede de carregamento e podem utilizar o dinheiro que tiverem para incentivar e ajudar as classes médias a comprar carros elétricos a um nível mais acessível”.

“Há um ciclo que é muito positivo: mais densidade da rede de carregamento quer dizer menos ansiedade na autonomia, quer dizer baterias mais pequenas, baterias mais pequenas querem dizer veículos elétricos mais acessíveis”, acrescentou.

Carlos Tavares voltou a falar na necessidade de uma ligação ferroviária da fábrica de Mangualde aos portos de Vigo e de Leixões, “um projeto que está avançar”.

“É necessária do ponto de vista ambiental, porque são menos camiões na estrada, e do ponto de vista do custo é muito mais barato do que transportar os carros com camiões”, frisou.

O responsável aludiu também à necessidade de reduzir o custo de energia para um valor competitivo, que seria “abaixo dos 70 euros por megawatt/hora” e, depois, “controlar a volatilidade desse custo de energia”.

“Não pode estar sempre a ir para baixo e para cima, porque nem sempre podemos modificar o preço da venda dos automóveis só para compensar a energia”, afirmou.

O grupo automóvel está empenhado em ter, no próximo ano, todas as fábricas do mundo a produzirem, “pelo menos, 50% da energia que consomem”, proveniente de recursos renováveis.